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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Especial - Old Sock (Eric Clapton)


E o grande mestre da guitarra ainda está gravando! O Deus Eric Clapton ainda grava e faz shows, como todo o bom e velho bluesmen. Não com a mesma pompa, energia, afobação e estrelismo de outros artistas e  de outros tempos, mas nada disso é necessário para quem consolidou uma carreira em seu nato talento musical. Em outras palavras: Clapton já não precisa provar nada para ninguém, pode fazer apenas o que desejar, sem ser obrigado a agradar gravadoras com hits e topcharts.

Nos últimos anos, Clapton tem feito álbuns mais voltados para o estilo musical que o inspirou e regeu seu carreira: o Blues. Clapton flertou com vários estilos, proeminentemente o Rock - afinal, que nunca ouviu sua versão para "Cocaine", "Layla" e os melhores momentos do Cream? -, mas sua raiz, seu essência reside neste gênero tão triste e melancólico. Até mesmo um álbum em parceria com o eterno B.B. King foi gravado em 2000 (Riding with the King). Fora uma parceria em 2006 com o também entusiasta do Blues JJ Cale (The Road to Escondido).

Ou seja, Clapton quer relaxar e fazer da melhor maneira possível aquilo que mais lhe agrada: música boa, na medida que preferir, do jeito que quiser. E a última novidade que o mestre Slowhand traz é o álbum Old Sock, que teve lançamento no dia 12 de Março deste ano. Eric reuniu alguns de suas canções preferidas desde que era um garotinho até os dias atuais, sendo acompanhado por grandes músicos como Steve Winwood (outro grande músico que foi companheiro de Eric no Blind Faith, dentre outros atos musicais), novamente JJ Cale e até mesmo o ex-Beatle Paul McCartney. Na produção, temos até mesmo o guitarrista Doyle Bramhall II, que acompanha Eric já faz um tempo.


No novo álbum, apenas duas canções são inéditas: "Gotta Get Over" e "Every Little Thing". Ambas foram escritas por Justin Stanley (um dos produtores do álbum), o já citado Doyle Bramhall II e, ora vejam só, Nikka Costa (ela mesma, a menininha que encantou milhões de pessoas cantando "On My Own" com 4 anos de idade).

Aqui vai uma análise faixa por faixa do novo trabalho de Eric Clapton.

1 - Further on Down the Road (por Taj Mahal, Jesse Ed Davis, Gary Gilmore, Chuck Blackwell)

Canção original do músico de Blues Taj Mahal, a canção foi lançada no álbum Giant Step/De Ole Folks at Home, em 1969. Ano em que Eric formou o Blind Faith e saiu em turnê com Delaney and Bonnie and Friends. 

Clapton conta com a participação do próprio Taj Mahal como instrumentista. Enquanto a versão original é mais calcadano Blues, Eric adicionou uma pitada de Reggae (depois de "I Shot the Sheriff", sabemos o que ele é capaz de fazer com este estilo), deixando a canção com um tom original, próprio.

2 - Angel (por J.J. Cale)

Esta canção era um faixa não lançada por Cale, que aparentemente foi cedida por ele para o novo projeto de Eric. Não há informação a respeito de quando foi composta. Cale participa tocando e cantando com Clapton.

Apesar de uma letra mais ao estilo Blues, com partes como "corta como uma faca", que é tão utilizada em linhas que precisam expressar uma tristeza reforçada, o cliente de "Angel" é um tanto alegre, calmo. Eric faz um trabalho ameno, com vocais mais contidos, serenos.

3 - The Folks Who Live On the Hill (por Oscar Hammerstein II, Jerome Kern)

Esta música já tem uma história mais profunda. Foi produzida em 1937, composta por Jerome Kern (compositor com destaque na cena teatral), com letra de Oscar Hammerstein II (compositor também proeminente na cena teatral). Foi gravada por uma série de artistas. Primeiramente gravada por Irene Dunne no mesmo ano em que foi escrita, depois por Bing Crosby e mais popularmente conhecida na voz de Peggy Lee em 1957.

A versão de referência (Peggy Lee) tem um clima mais puxado para o Jazz, com toda a suavidade intrínseca. Lembrando alguns momentos de Frank Sinatra. Já na versão de Eric, a coisa é um pouquinho mais refinada, mais moderna, com backing vocals e a adição de outros instrumentos - especialmente a guitarra de Clapton. No quesito vocais, Peggy ganha, possivelmente por esta canção ser mais adaptável para uma voz feminina.

4 - Gotta Get Over (de Doyle Bramhall II, Justin Stanley, Nikka Costa)

Primeira canção inédita do tracklist. Uma das compositoras é Nikk Costa (o que significa que ela está faturando mais produzindo para outros artistas do que fazendo a própria carreira solo) e temos a veterana cantora Chaka Khan contribuindo nos vocais.

A letra é bem otimista, falando sobre superação. A parte Rock de Eric falou mais alto aqui, com seus bons e velhos solos. A participação de Chaka Khan não teve um diferencial, uma vez que a atuação foi como backing vocal, não um dueto (como "Tearing Us Apart", de Clapton e Tina Turner), sendo apenas um mero complemento. Um sabor dos velhos tempos acompanharam as notas musicais aqui...

5 - Till Your Well Runs Dry (por Peter Tosh)

Este canção pertence ao primeiro álbum (Legalize It) do cantor Peter Tosh, ex-Wailers do Bob Marley e, obviamente, pró-maconha. A canção vem de 1976, época de grande produção criativa do Reggae - onde Clapton se inspirou bastante). O ex-Bob Marley seguiu de perto os passos do Rasta-mor lançando este Reggae que, apesar de ser Reggae, não sou chato e pedante como a maioria dos casos.

Bem, eu havia dito que o foco do projeto todo era o Blues, mas aqui temos uma total exceção. Clapton regrava mais uma vez o Reggae, incutindo o poder de sua interpretação através das cordas de uma guitarra. O destaque positivo fica mesmo pelo inconfundível solado Slowhand.

6 - All of Me (por Gerald Marks, Seymour Simons)

Canção escrita em 1931, intepretada por Belle Baker e depois por Ruth Etting. A versão de Ruth carrega aquele Jazz bem enraizado e todo seu charme inerente - tanto nos instrumentos quanto na interpretação de Etting. Foi uma canção bem popular, sendo interpretada por muitos artistas, proeminentemente Bing Crosby, Billie Holiday, Louis Armstrong, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e vários outros.

A versão de Clapton tem Paul McCartney o acompanhando nos vocais - Paul também tocou baixo na gravação. Paul mostra aqui que sua voz ainda tem a característica força de outrora, sendo um bom reforço aos vocais mais singelos de Eric. Obviamente esta versão parece muito contemporânea se comparada com a original, mas com o verniz Blues que Clapton propôs.

7 - Born to Lose (por Ted Daffan)

Considerado um hino Country (possivelmente antes dele ter sido banalizado bovinamente como aconteceu), esta canção foi escrita por Ted Daffan em 1942. Muito popular, a canção já foi gravada em uma versão mais melancólica pelo Ray Charles.

A interpretação de Eric, aliás, soa muito mais próximo do que veio a ser conhecido mais tarde como Country do que a gravação original. A qualidade no quesito instrumental carrega a marca da guitarra de Clapton. A canção ficou mais pomposa com backing vocals, mas nada mais que isso. Apesar do bom trabalho, a versão original de Ted Daffan acaba sendo melhor.

8 - Still Got the Blues (por Gary Moore)

A obra prima de Gary Moore, um clássico do Blues Contemporâneo (se é que posso chamá-lo assim), "Still Got The Blues" carrega toda a força musical da palavra Blues em sua melodia triste e cordas com uma melodia forte e inspiradora - e os vocais de Moore nunca estiveram tão bem acomodados. As linhas que atravessavam os dedos de Moore e chegavam até as cordas da guitarra são de fato incríveis. Gary escreveu a música em 1990 e curiosamente foi comercialmente favorável, apesar do imenso valor musical.

Nunca imaginei uma versão desta canção que fosse no mínimo aceitável, imaginando que seria feito algo de diferente do original como maneira de ser mais inventivo. Em resumo, nunca acreditei que ninguém pudesse fazer justiça ao legado desta canção. Porém, o que Clapton fez aqui, mesmo sem repetir o principal e característico riff da canção, é surpreendente. Eric já havia tocado esta canção ao vivo, pelo menos desde 2011. (Que talvez tenha sido uma maneira de homenagear Gary Moore, falecido no começo do ano.)

Amenizando a canção ao acústico, com um acompanhamento de um orgão (tocado pelo Steve Winwood), Eric consegue com simplicidade fazer algo tão belo e tocante quanto o poderoso Blues que Gary exalava de sua guitarra. Memorável.

9 - Goodnight Irene (por Huddie Ledbetter, John A. Lomax, Sr.)

Escrita no distante ano de 1933, esta canção foi gravada em primeira mão pelo músico de Blues Huddie 'Lead Belly' Ledbetter. Como é de praxe, a letra fala sobre frustração e triste (neste caso, com a tal da Irene). Frank Sinatra, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Little Richard também gravaram uma versão para a canção.

A versão de Clapton é um pouco mais completa, como já era de se esperar. Vemos aqui apenas uma versão mais atual, sem grandes diferenciais. Das canções cover apresentadas no álbum, esta é, até o momento, a mais irrelevante. Não teve um grande atrativo ou diferencial - a não ser que você não tenha gostado da versão de Lead Belly.

10 - Your One and Only Man (por Otis Redding)

O cantor de Soul Otis Redding faleceu muito jovem. Aos 26 anos, morreu em um acidente de avião. Dentre as obras de seu acervo temos "(Sittin' On) The Dock of the Bay", gravada dias antes de seu acidente, e lançada no mês seguinte, em um álbum póstumo. "Your One and Only Man" foi lançada no segundo álbum, de 1965.

A versão de Eric teve uma pegada mais puxada para o Reggae, afastada do Blues e mais longe ainda do Soul. Como a qualidade musical do Soul é muito superior à do Reggae, a versão original de Redding é mais proveitosa. Mas tirando o excesso de do Reggae, a versão de Eric é muito boa.


11 - Every Little Thing (por Doyle Bramhall II, Justin Stanley, Nikka Costa)

Segunda e última faixa original do álbum, "Every Little Thing", ao contrário da outra canção inédita do álbum, não utiliza a pegada roqueira da mesma maneira. Temos mais impregnação do Reggae, que a esta altura podemos ver que já influenciou Eric demais. Acredito que Clapton, ou alguém da produção, teria escolhido fazer um contraponto entre as duas canções originais do álbum. Uma mais agitada e outra mais amena, para diversificar. Na batalha entre as duas, "Gotta Get Over" vence com folga.

12 - Our Love Is Here to Stay (por George Gershwin, Ira Gershwin)

Canção popular do Jazz, composta pelos irmãos Gershwin em 1938 para o filme The Goldwyn Follies. Dentre os compositores, temos em destaque a interpretação de Ella Fitzgerald. A canção tem perfeitamente o clima do Jazz dos anos 30. Curiosamente, a versão de Clapton não se difere muito, mantendo-se mais fiel aos original. Com relação à performance vocal, Ella vence o Slowhand - apesar da versão dele ser tecnicamente um pouco melhor.

13 - No Sympathy (por Peter Tosh) - Faixa Bônus

Ainda caminhando sobre as raízes e influências do Reggae que já ditaram muito em sua carreira, Clapton fez mais uma versão de Peter Tosh. "No Sympathy" saiu no mesmo álbum que "Till Your Well Runs Dry", no ano de 1976. É mais um Reggae, bem fiel e competente ao seu propósito. Possivelmente um dos melhores exemplares do gênero - justificando a sábia escolha de Eric.

Infelizmente, ainda não encontrei a versão de Eric disponível. Posteriormente complementarem esta parte.

No geral foi um ótimo trabalho do guitarrista. Nada grandioso, do jeito que ele quis. Apenas fazer boa música, sem se preocupar em agradar um grande público. E que venha mais um trabalho destes!

domingo, 28 de abril de 2013

AMR - It's a Beautiful Day (Michael Bublé)

Análise: Primeiro single do álbum To Be Loved, do Michael Bublé. Lançado em Fevereiro de 2013, alcançou #94US e #10UK.



Já não dá pra dizer o mesmo da expressão dele...

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Não quero ser chato, mala ou simplesmente parecer daqueles que ficam pegando no pé, mas ainda sim pergunto: você conhece alguém que goste do Michael Bublé ou pelo menos saiba associar música ao artista? O cantor faz uma mescla de Pop Tradicional com Jazz - estilos "mortos", que já não trazem qualquer inovação ou relevância para a música contemporânea. E seu foco está em versões atualizadas de clássicos e, uma vez ou outra, acaba destacando uma trabalho original. Mas verdade seja dita: Bublé tem uma boa voz (não ao nível de Josh Groban, mas boa ainda sim).

Se você passeia pelas ondas de rádios mais renomadas e requintadas, com certeza já ouviu alguns clássicos pela voz de Michael, tais como "How Can You Mend a Broken Heart" (original do Bee Gees), "Save the Last Dance for Me" (original do The Drifters) e até mesmo "Me and Mrs. Jones" (original do Billy Paul). E, obviamente, já ouviram a composição própria "Haven't Met You Yet" - de longe, o melhor que ele já gravou em sua carreira. No geral, suas versões são tecnicamente muito bem cuidadas e peculiarmente chatas. Excetuando quem realmente gosta de versões Jazz, isso tudo realmente não é relevante ou causa comoção.



A canção em questão tem algo de Country, e algo que já havia sido utilizado em "Haven't Met You Yet". O que a princípio tornaria o projeto duplamente sem interesse: primeiro pela parta Country, segundo pela repetição que acaba não sendo algo muito criativo. Porém, apesar disso, a canção é de fato boa. Tendo sido classificada como Country Rock, a ênfase, felizmente, vai para a parte Rock da coisa. Bublé longe de regravações de Jazz, chatices incontestáveis.

O single é acima da média, o que significa um 0 x 0 - ela não é ruim, mas não tem relevância para algo mais. Michael está na senda dos ouvintes de Jazz, uma música mais easy. O que pode acontecer, no máximo, é alguns fãs não gostarem muito (honestamente, nada vai mudar). Ao menos ele é um artista que acrescenta, mesmo que mínimo. Já é mais do que bom.

sábado, 7 de janeiro de 2012

AMR - 50's Jukebox 4


Artista: Frank Sinatra (12/02/1915)
País de Origem: Estados Unidos da América
Estilo: Pop, Jazz, Swing
Hits: Vários!
Hit da Jukebox: "In the Wee Small Hours of the Morning" (1955)



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Indiscutivelmente Frank Sinatra foi uma das maiores vozes já surgidas na cena musical. Deu sua contribuição musical desde os anos 40 até a década de 90. Porém, apesar de toda sua fama e legado, Frank teve seus momentos decadentes - obviamente como todos os artistas.

Uma fase marcante na carreira de Sinatra foi durante os anos 50. Com problemas em sua voz e sem grande perspectiva, Frank achou que sua carreira iria ruir - apesar do Oscar ganho por sua atuação no filme A Um Passo da Eternidade. Então, Alan Livingston (um dos chefões da Capitol Records resolveu tentar uma ajuda a seu ídolo. O resultado inicial foi um contrato de 7 anos, iniciado em 1953.


Um dos projetos geridos durante este período foi In The Wee Small Hours, de 1955. Álbum concebido pouco depois de uma dolorosa separação matrimonial com a atriz Ava Gardner, acabou por se tornar uma fonte artística poderosa em matéria de solidão. O disco todo é guiado por um clima austero e melancólico. O álbum segue sobre uma linha conceitual que Frank sempre quis trabalhar, desde o início de sua carreira. E meu destaque vai para a tranquila, meio noir, "In The Wee Small Hours in The Morning".

O coração de um homem, extenuado pela falta de sua garota, que não dorme nem tem interesse nisso. Apenas vê a cidade sonolenta enquanto tenta se conformar com sua dor. Sinitra mostrou como canalizar sua dor de alguma maneira produtiva. Eu gostaria de saber o que Ava achou do álbum...

sábado, 23 de julho de 2011

Especial - Amy Winehouse

Amy Winehouse & Eu

O lendário guitarrista Jimi Hendrix, que era um potencial rival de Eric Clapton, morreu com 27 anos de idade. A cantora Janis Joplin, tremenda transgressora de sua época, também morreu com 27 anos. O vocalista da banda de Rock Psicodélico Jim Morrison, teve seu fim com 27 anos.

Amy Winehouse faleceu com 27 anos.


Eu tive, de uma certa maneira, uma história com Amy. E durante esta tarde, resolvi colocar no papel. Aqui vai...


Sempre fui um cabeça-dura se tratando de música. Talvez porque o atual nível musical está em condições, digamos, depressivas ou minha exigência tenha tornado-se maior. O fato é que além da cabeça ser dura, era fechada. Bem fechada, aliás. Digamos que eu tenha uma trava de segurança musical. E ela funciona às vezes de maneira um tanto injusta. E uma das vítimas dela - dentre bandas como Fall Out Boy e artistas como Madonna - foi Amy Winehouse. A principal vítima.

A primeira vez que ouvi este nome, eu estava sintonizado (sabe-se lá o motivo) na MTV. E a VJ Luíza apresentava um programa de notícias e variedades musicais. Ela citou uma cantora que estava sendo a nova onda do momento na Inglaterra. Logo imaginei qualquer coisa dentro de um âmbito musical qualquer (coisa semelhantes a projetos musicais malucos como The Ting Tings e, até mesmo, Paramore). Mas confesso que, não sei se pelo fato de alguém da MTV estar se referindo àquela cantora de maneira positiva ou por ser algo surgido no novo milênio, não senti firmeza na chamada. E no que vi na tela da TV em seguida então! Nem se fala...


A figura estava em um palco pequeno, com uma platéia pequena, com músicos bem vestidos e ambiente bem iluminado. Ela usava um vestido colorido, um bizarro cabelo em formato de colmeia, olhos muito pintados e um piercing no rosto. A imagem de Amy Winehouse não me impressionou ou me causou grande efeito - seja positivo ou negativo. Mas o que ouvi vindo dela e dos músicos, sim, me fez me importar: achei simplório demais, ultrapassado e antiquado. Fora que senti dela um clima estranho, de tédio. No fina das contas, eu reforcei minha crença de que o Jazz estava morto, e por um bom motivo. (Não tenho certeza, mas acredito que a canção que ela apresentou na ocasião não era nenhuma do seu álbum de estréia, Frank, nem de Back to Black, que ainda não havia sido lançado.)

Após isso, sempre pensei e me referi a ela com certo desdém. Ela representava para mim algo como um mero revival profundamente nostálgico e dispensável. Apesar de que, naquela época, eu não era lá tão eclético. Mas, ainda sim, eu considerava Winehouse algo bem longe das minhas idealizações musicais. Ela era pra mim como um objeto musical perdido no tempo.

Mas se teve algo que me fez questionar ainda mais a integridade artística (e até um pouquinho pessoal dela, apesar de não me dizer respeito) de Winehouse foi a canção "Rehab". Amy começava a se destacar no mundo da música (Pop) por dois motivos bem comuns neste mundo: o estrelato e os escândalos (ambos com participação fundamental da mídia). O que eu via era uma mulher que estava envolvida demais com drogas e álcool (repito, nada que me diga respeito, pois a vida não é minha) e que, ainda por cima, lançava um hino auto-indulgente, sendo categórica em dizer que não quer ir para a reabilitação. Achei meio bobo da parte dela por entender que foi uma maneira de ser aproveitar dos seus problemas para se promover artisticamente. A minha ignorância me cegou (ou melhor, me ensurdeceu ) para o potencial e qualidade da canção. Eu, definitivamente, estava sendo muito injusto.


Back to Black ganhou 6 prêmios Grammy e lhe deu notoriedade. Mas, antes da explosão do álbum, resolvi afrouxar minha teimosia e lhe dar uma chance. Ignorei o segundo álbum para explorar sua origem, como ela começou. E o álbum Frank foi me ganhando progressivamente, cada vez mais.

Desde o clima mezzo urbano, mezzo Jazz de "Stronger Than Me", até o clima melancólico de "You Sent Me Flying" (que termina com a bonitinha e agradável "Cherry"). O álbum alternava entre momentos mais amenos ("I Heard Love Is Blind", "(There Is) No Greater Love") até as mais agressivas ("In My Bed, "What Is It About Men"). Enfim, a parede que separava meus ouvidos da voz de Amy havia sido desconstruída. Ela conseguiu me emocionar com "Take The Box". "Fuck Me Pumps" é uma grande obra que não canso de ouvir. Nunca o Jazz foi tão legal.

Uma vez que deixei que Amy entrasse na minha crosta musical, foi a vez de analisar sua introdução ao mainstream. Back to Black foi um projeto mais bem cuidado, bem produzido. Achei inferior ao álbum anterior por não ser tão intimista. Mas "You Know I'm No Good" e "Back to Black" me mostraram que, definitivamente, ela não era uma qualquer. Ela pegou um estilo e conseguiu lhe devolver a vida com classe e grande competência, sem pretensões. Não é possível fazer isso sem a música ecoando no fundo do coração. Ela conseguiu.


Sempre fui um amante de biografias e auto-biografias (muito mais do segundo), mas como Amy nunca escreveu uma - talvez por ser jovem demais para isso -, acabaram se encarregando de fazer isso. Foi aí que, passeando por uma livraria descobri uma biografia dela. Comecei a ler imediatamente. Não era lá algo muito abrangente, mas me fez entender um pouco a cabeça de Amy e conhecer Blake, seu dito grande amor. (Amy ostentava uma tatuagem do lado esquerdo do peito, um desenho de um bolso com o nome dele.)

O maior problema de Amy, para mim, eram aqueles problemas que ela tinha fora dos palcos que estavam começando a atrapalhá-la nos placos: apresentações medíocres ficavam mais famosas que sua notoriedade conquistada. Isso me fez desistir da Winehouse dos palcos. Aí me apeguei mais ainda com a Amy do estúdio - ansiando muito por seu próximo trabalho. Coisas como "Valerie", participação de Amy em um single de Mark Ronson, serviam como aperitivo para o prato principal: um novo álbum.

Eis que, após todo este tempo em que tive este tipo de relacionamento com Amy, recebo uma mensagem de minha namorada em meu celular, me avisando que Amy Winehouse estava morta. E eu senti uma estranha sensação, como se tivesse perdido uma grande e velha amiga...


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Podemos dizer que Amy viveu um pináculo da glória, experimentado por artistas mais experientes. Ela viveu em menos de uma década o que, guardadas as devidas proporções, Michael Jackson viveu: um início de carreira com relativo sucesso, o sucesso, as polêmicas e um fim prematuro. Também em comum as milhares de pessoas apontando seus dedos.

O dia 23 de Julho de 2011 está sendo quase tão marcante para mim quanto o 25 de Junho de 2009. Descanse com toda a paz que merece, Amy.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quick - Capas Exóticas 8

Um instrumento não muito difundido e até incomum, eu diria, é a flauta. Não dá para encaixa-la em todos os casos e, quando usada em demasia, acaba ficando meio chato - se você duvida, procure ouvir qualquer gravação long play do Kenny G, pois com certeza vai achar pelo menos 85% de qualquer disco dele um saco. De qualquer maneira, se a última edição do Capas Exóticas mostrou um Shel Silverstein bizarro na capa de um disco, aqui temos um homem tocador do singelo instrumento em questão. Seu nome é Herbie Mann.

Nome do álbum: Push Push
Ano de lançamento: 1971
Estilo: R&B, Jazz


Em vez de um bizarro cenário de um homem parecendo um bicho correndo na beira de uma praia, temos um homem peludo de meia idade segurando uma flauta. Se fosse musculoso, tivesse uma metralhadora no lugar da flauta e, claro, sem pelos, convenceria bem como Rambo. Porém, aqui temos uma pré-molde do Peludão da sauna gay, amigo do Wanderney - quadro do extinto programa Casseta & Planeta Urgente.


No álbum em questão, temos clássicos como "If", da banda de Soft Rock Bread (responsáveis por grandes canções como "Baby I'm-a Want You", "The Guitar Man" e minhas favoritas, "Aubrey" e "Lost Without Your Love") e "Never Can Say Goodbye", do Jackson Five e que também ficou famosa por sua versão feita pela Gloria Gaynor. Porém a coisa, mais ou menos como Kenny G, é meio morna - temos o lendário guitarrista Duane Allman para dar uma força com algo mais. Posso dizer que Mann fez um grande trabalho em sua versão para "Sunny" de Bobby Hebb - famosa também por sua versão com o Boney M.

Quantas referências!

sábado, 18 de junho de 2011

AMR - Haven't Met You Yet (Michael Bublé)

Análise: Primeiro single do álbum Crazy Love, do cantor Michael Bublé. Lançado em 2009, alcançou #24US e #5UK.


O que? O Sono?

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Antes tarde do que nunca! O single em questão foi lançado em 2009, mas, como nunca escrevi nada sobre Michael Bublé, esta é a melhor chance possível.

Cantor de Jazz Michael Bublé surgiu em meados dos anos 90 e se consolidou com peças como "Everything" de 2007 e várias covers que fez durante a carreira, como "How Can You Mend a Broken Heart" do Bee Gees, "Kissing a Fool" do George Michael, "Save the Last Dance for Me" do The Drifters (de 1960!) e até mesmo "Me and Mrs Jones" de Billy Paul. Todas estas acanções condizem bem com o estilo musical do cantor.


Agora não sei bem se é pelo fato de ser Jazz, se é pelo jeito de cantar ou qualquer outra coisa. Mas, apesar de não cantar porcarias como Lil Wayne, T-Pain, Akon e outros menos cotados fazem, o trabalho de Bublé é coberto por uma névoa chatice imensurável. Apesar de ser um estilo bem melhor do que muita coisa que tem por aí (tipo Reggae ou Reggaeton), definitivamente é coisa para poucos - ou coisa para mais antigos, pois o Jazz não é o estilo mais novo do mundo. Mas de qualquer maneira, o caminho que Michael escolheu está sendo bem traçado.

E "Haven't Met You Yet" é, por incrível que pareça, um trabalho legal, nada chato. É um single mais Pop, com pouquíssimas influências do Jazz (embora elas existam, sendo a estrutura principal da canção). Um Jazz mais Pop é algo mais tragável, que se pode curtir e experimentar mais profundamente. Não que "Everything" tenha sido ruim, apenas não havia atingido este nível comercial - sem efeitos colaterais negativos, diga-se de passagem.


O single seguinte, "Hold On", já puxa para a calmaria característica do Jazz, mas ainda sim já é um pouco mais fácil que as baladas antigas que Bublé tanto gosta de gravar. Para que curte artistas como Diana Krall e Norah Jones, Michael Bublé é, sem dúvida, uma escolha agradável e, em certos momentos, até um pouco mais agitada que o tradicional. Vale até para não iniciados (pelo menos do álbum Crazy Love pra cima).

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Aconteceu - Boletim Musical (15/06/2011)

"Novo álbum de Amy Winehouse tem lançamento adiado"


Apesar de estar pronto, o novo álbum de Amy Winehouse só será lançado depois que a cantora sair da reabilitação

"They tried to make me go to rehab but I said 'no, no, no'"

"Scarlett Johanson regrava clássico do Jazz para trilha de filme"


Azar do clássico do Jazz e da trilha do filme - e de quem tiver que ouvir!

"Filha de Madonna quer seguir os passos da mãe"


Começando, claro, pelo excesso de pelos...


Urgh!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

AMR - 90's Jukebox 8

Artista: Gary Moore (04/04/1952)
País de Origem: Irlanda do Norte
Estilo: Hard Rock, Blues, Rock, Jazz
Hits: "Parisienne Walkways", "Out in the Fields", "Still Got the Blues (For You)", "Cold Day in Hell"
Hit da Jukebox: "Still Got the Blues (For You)" (1990, #31UK)


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O guitarrista norte-irlandês Gary Moore nasceu em meio aos problemas de seu país envolvendo o IRA (Exército Republicano Irlandês) e o Reino Unido - o desejo do IRA em se separar do Reino Unidos e os conflitos religiosos. Durante sua adolescência, passou a ouvir grandes ídolos da guitarra como Jimi Hendrix e Eric Clapton (ao mesmo tempo amigos e rivais), o que com certeza serviu de grande inspiração para seu futuro como guitarrista.

Moore é um músico que já explorou alguns vertentes da música durante sua carreira. Indo desde o Blues e Jazz até o Hard Rock. Já trabalhou com artistas como Ozzy Osbourne e a banda de Rock Thin Lizzy (das ótimas "Whiskey in the Jar" e "The Boys Are Back in Town"). Fora que, durante mais ou menos 5 anos, Gary pertenceu a uma banda de Blues-Rock/Rock Psicodélico chamada Skid Row (não confundir com a banda norte-americana de Heavy Metal). Neste período, Moore adquiriu grande notoriedade, chegando a tocar com o lendário ex-guitarrista dos Beatles, George Harrison (inclusive na guitarra solo em uma versão ao-vivo da clássica "While My Guitar Gently Weeps", onde a guitarra solo era originalmente tocada por seu ídolo, Eric Clapton).


Apesar de todo este currículo que Gary Moore carrega em sua bagagem musical, sua maior pérola, seu Magnum Opus da guitarra é a canção "Still Got The Blues (For You)". Além do clima melancólico que os acordes poderosos da guitarra carregam, Moore é capaz de fazer uma guitarra "chorar" como poucos por aí. Assim como é o caso de canções como "Brothers in Arms" do Dire Straits, onde Mark Knopfler consegue fluir seus sentimentos de maneira bela e tranquila através da guitarra, podemos sentir uma onde semelhante vinda do som de Moore, de uma maneira um pouco mais poderosa.

Além de conseguir fazer sua guitarra "chorar gentilmente", Moore também é dotado de uma excelente e desfrutável voz - o que com certeza foi o ponto principalmente para impulsioná-lo para uma boa carreira fora das bandas, com destaque próprio. Do mesmo jeito que Eric Clapton conseguiu um destaque maior em carreira solo do que quando estava nas várias bandas do qual fez parte ou fundou (Yardbirds, John Mayall & the Bluesbreakers, Cream, Blind Faith e Derek and the Dominos).


"Still Got The Blues (For You)" tem um dos riffs de guitarra mais famosos dos anos 90 e até da música, do Rock mundial. Tem a força e a delicadeza paradoxalmente unidas em uma voz que emana melancolia pura. Com certeza, um grande clássico.

No final das contas, Gary Moore pode, sem dúvida, ser posto no mesmo hall de guitar heroes onde se encontram George Harrison, Eric Clapton, Mark Knopfler, Jimi Hendrix e vários outros artistas que conseguem fazer de sua guitarra também sua voz - e chorar através dela.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Especial - Review Norah Jones no Teatro Positivo (Curitiba)

Sim, a filha do lendário Ravi Shankar veio ao Brasil. Norah Jones, a musicista do Jazz e do Blues veio para cá com sua turnê The Fall. A cantora passou por Curitiba (cidade que infelizmente é esquecida por boa parte dos artistas) e deu seu show no dia 12/11. Minha amiga Kauana Chagas esteve no show e escreveu um texto relatando um pouco sobre a experiência que teve com o acontecido.


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Uma Jornada Para o Show

Para uma pessoa que nunca foi num show de teatro (ou seja, somente de público maior, aqueles em que as pessoas geralmente ficam 6 horas em uma fila e ainda por cima não conseguem ficar na frente) achei que seria a mesma coisa de sempre - já estava meio desperada com medo de chegar atrasada no show que comecaria às 21h. Sai de casa às 19h e já fiquei irrtada por causa do trânsito, morrendo de medo de ter um monte de gente, uma multidão na entrada e eu nem conseguir entrar no Teatro Positivo - mesmo as poltronas sendo numeradas, eu já maginava alguém sentado em meu lugar e eu tendo que brigar com o segurança para tira-la de lá.

Enfim, meu desespero foi à toa, pois cheguei ao local às 20h. Havia várias pessoas dentro do hall do teatro e eu já fui meio que entrando, mas o segurança me parou e disse: 'só daqui uns 40 minutos o publico poderá entrar'. Ah tá, que beleza! Todas aquelas pessoas faziam parte do evento (antes eu tivesse trabalhando no evento, assim não teria gasto tanto dinheiro, hehehe). Eu fiquei na espera, do lado de fora, quando começou um vento desesperador - tudo o que eu precisava! Apesar de ter sido a primeira a chegar, esqueci de me agasalhar bem e o resultado foi um vento congelador que peguei. Mas logo uma menina chegou e, como eu não gosto nada de conversar, já fui puxando o clássico assunto 'tá frio, né?'. E daí em diante o tempo voou - a Simone, garota que conheci, faz jornalismo e então sobrou assunto para conversamos (afinal, letras e jornalismo até que têm uma sincronia legal, hehe!).

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Achei meu lugar na 4ª fileira, poltrona nº 34. Sentei e fiquei super feliz porque faltavam somente 15 minutos para começar o show. Ah! Doce ilusão... uma dupla de músicos de jazz abriu o concerto - tinha me esquecido que o mais importante nunca começa de imediato, sempre tem um suspense antes para o que vem a seguir. Mas os músicos eram muito bons e inclusive um deles compôs a canção "Don't Know Why" que Norah tocou no final e o chamou para tocar juntos. O problema era que eu precisava sair do teatro às 22h15, no máximo, porque eu iria viajar e às 23h precisava estar no local. Então um novo desespero começou e eu corri o risco de não chegar no local para pegar o ônibus em tempo e ficar em Curitiba no feriado. Mas para minha sorte o ônibus era locado, então não tinha hora certa pra sair, assim puderam me esperar.

Foi às 21h45 que os músicos param de tocar e 15 minutos foi o tempo necessário para ajeitar o cenário para Norah. Super fofo! Colocaram um abajur bem do jeitinho dela, super delicado. Foi então que às 22h que soou um sinal de alerta de que o concerto começaria (foi o único momento em que percebi que o público ficou mais agitado). Norah Jones entrou magnífica tocando na guitarra a música "I Wouldn’t Need You". Aliás, o que mais me surpreendeu no show foi o fato de que ela tocou mais guitarra do que piano, e seu domínio sobre a guitarra era excepcional, não só tocando guitarra base mas também uns solos muito perfeitos - o que destacava que ela não estava fazendo de conta que tocava guitarra também. Logo que terminou a música a primeira coisa que comentou com o público foi o fato de terem montado os equipamentos longe da platéia, então ela já comentou "tem um espaço tão grando aqui no meio, vocês não acham? Poderia ter umas dançarinas aqui (risos). Mas eu vou para mais perto depois.".

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Às 22h20 meus pais já me ligaram falando que estavam quase chegando para me pegar, mas tinha acabado de começar o show então falei para minha mãe que ficaria até as 22h40 para pelo menos não perder todo o show, mas chegou o horário e eu não conseguia ir, as músicas "Waiting", "Back to Manhattan" entre outras eram tocadas e me seguravam ainda mais... foi então que às 23h15 com a última música "Don't Know Why" que eu consegui me levantar para sair. Norah e seus músicos até se despediram, mas quando eu estava subindo as escadas eles voltaram para o palco e cantaram mais uma música, a qual não consegui ver porque já estava super atrasada.

Bom, resumindo o tudo foi maravilho (tirando a parte que não consegui tirar foto porque era proibido e toda vez que tentava tirar uma foto tinha um segurança com um laser que o mirava na sua cara, impedindo que fosse tirada uma foto se quer – eu pelo menos não consegui). A Norah é super atenciosa, foi mais próximo do público várias vezes e sem contar a voz, que é igual as gravações dos CDs: perfeita, afinada e encantadora. Valeu a pena cada centavo, e não vejo a hora do próximo show para poder prestigiar a parte boa da musica que ainda existe.

Kauana Chagas

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

AMR - Window Seat (Erykah Badu)

Análise: Primeiro single do álbum New Amerykah Part Two (Return of the Ankh) da cantora Erykah Badu. Lançado em Fevereiro, alcançou #95US.


Erykahwho?

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Erykah Badu. Não, eu não estou bêbado em frente ao teclado tentando escrever um artigo sobre um single internacional lançado pela Maria Gadú. Este é mesmo o nome da figura. Badu é um misto de Soul, Funk, Jazz, Hip-Hop, R&B e o que mais vier pelo caminho. Na ativa desde 1996, Erykah conseguiu uma pontinha no mainstream graças a um vídeo controverso.

A estréia de Badu, o álbum Baduizm (#2US) e o single "On & On" (#12US-UK) chamaram um tanto a atenção, com o single proporcionando até mesmo um Grammy para a artista em 1998. Ela já se envolveu com rappers como André 3000 (com quem teve um filho) e Commom e participou do filme Irmãos Cara-de-Pau 2000. É, tirando o primeiro álbum, não há realmente muito o que contar sobre a moça... Afinal, juntamente com outro hit dela chamado "Bag Lady", percebemos o quanto sua discografia é homogênea demais - todas as músicas parecem ser uma continuação uma da outra ou feitas da mesma base.


Enfim, o single em questão, "Window Seat" não foge deste filão: é tão sem personalidade não dá pra destacar muita coisa. O estilo vocal de Badu lembra bastante Amy Winehouse e alguns traços lembram até alguns momentos mais amenos da Janet Jackson. Apesar de serem bons referenciais, isso acaba por denotar um pouco mais a pouca distinção de Erykah no meio musical.

Aliás, "Window Seat" acabou sendo seu segundo pior trabalho nas paradas, com um #95US, somente atrás de "Didn't Cha Know?", de 2000, com um #113US. E baseado nisso - talvez até pela própria Erykah estar prevendo - o vídeo-clipe deste trabalho vem com aquela proposta chocante de marketing para atrair a atenção e aumentar as vendas.


Nele, Badu anda por uma rua, tirando a roupa. Quando fica totalmente nua, ela está na mesma rua onde ocorreu o assassinato de John Kennedy. E o mais "chocante" (o entre aspas é pelo fato disso ser chocante apenas para os facilmente impressionáveis e influenciáveis) é que ela acaba sendo atingida por um tiro, cai no chão. Basicamente é isso. É mais ou menos a mesma coisa que você combinar um beijo lésbico com outras duas estrelas recentes ou pedir pra um cantorzinho de quinta tirar parte do seu decote no meio de um show. Ou seja, pura e simples perda de tempo.

Erykah Badu não é uma cantora que exatamente fez ou faz diferença na cena musical e também não vai ser desta vez. Mas quero deixar claro que se não é a melhor coisa do mundo, pelo menos consegue ser melhor - ou menos irritante - que muita coisa por aí. Ouça sem contra-indicações.