domingo, 14 de fevereiro de 2010

Especial - We Are The World 25 for Haiti (por Reid)


Um infeliz acontecimento ocorreu logo no início de 2010: um desastre natural abateu o Haiti causando destruição, mortes e desolação. A situação do país ficou realmente terrível e triste.

Visto isso, vamos falar de uma iniciativa por parte de artistas para ajudar aquele país: uma nova versão do clássico "We Are The World". Canção composta por Michael Jackson e Lionel Richie, produzida por Quincy Jones e Michael Omartian e interpretada por vários artistas sob o nome de USA for Africa para ajudar os famintos daquele país.

O remake conta novamente com a supervisão de Quincy Jones e a participação de vários artistas atuais (a participação de Michael Jackson foi mantida, mostrando que pelo menos alguns porcento de bom senso estavam presentes no projeto).

Pergunta: Poderia uma canção clássica sendo refeita por artistas atuais dar certo?
Resposta: O que vale é a intenção, não?

A produção na parte musical não mudou muito simplesmente para manter o vínculo com o antigo projeto. Mas dentre as coisas que alguns chamam de "liberdade artística", eu chamo de "falta de noção" ou "ideía de jerico", temos até mesmo um rap. O que dizer?

Vou analisar a canção dividindo as classes artísticas dos artistas, na melhor ordem possível e analisar da maneira mais simples.

Temos Justin Bieber, Miley Cyrus e Nick Jonas dando suas contribuições. Mas por que? Bem, Miley até que se entende. Ao meu ver, ela é uma artista que está crescendo com força na música e tem uma conexão grande com o público juvenil. O que seria uma maneira de transmitir uma boa mensagem para esta faixa etária. Mas Bieber mais parece estar ali porque esqueceram de colocar na porta do estúdio uma placa escrita "apenas maiores de 1,50m". A participação dele acrescentou pouquíssimo - ou até mesmo nada - na introdução, principalmente se considerarmos Kenny Rogers. Sobre Nick Jonas é melhor simplesmente não falar nada - exatamente como sua participação foi.

Temos também Nicole Scherzinger e Jennifer Hudson. Bem, Nicole tem uma voz no máximo adequada. Infelizmente ela é o tipo de cantora que faz o tipo "até sei cantar, mas sei rebolar bem melhor". Mas acho que ela entrou no clima da coisa que conseguiu interpretar bem. Sobre Jennifer Hudson, ela tem um potencial imenso e foi uma das melhores escolhas no projeto. Grande revelação.

Temos artistas muito experientes como Tony Bennett e Barbra Streisand. O problema foi Bennett que resolveu mudar o tom da canção - talvez de propósito, talvez por não se lembrar como era a canção mesmo. Barbra e sua voz continuam melhores cada ano que passa. Pena que ela não participou da versão original.

As vozes bonitas e fortes de Josh Groban, Mary J. Blige, Celine Dion, Toni Braxton e até mesmo Fergie reforçam bem o projeto. Groban e Blige se mostram grandes artista de sua época assim como muitos artistas do USA for Africa se mostraram em suas épocas. Fora que Dion sempre consegue uma interpretação melhor que a outra - e aqui ela consegue mostrar isso mais uma vez.
A voz de P%nk está surpreendente. Apesar de não parecer, é uma das artistas de maior potencial de sua geração. Eles pesam no lado positivo da balança dos artistas deste projeto.

A parte do rap foi simplesmente constrangedora. Só porque rap é um dos novos sons da década - era pra ser apenas da década passada, mas pelo visto essa praga vai se estender através do tempo - eles acharam que seria legal incluir aqui. Mas é bom observar que o new-wave e sonoridades como a do B-52s e do Duran Duran não estavam exatamente presente no projeto anterior...

LL Cool J, Will.I.Am, Snoop Dogg, Busta Rhymes, Kanye West e outros menos cotados são responsáveis pelo momento mais constrangedor da canção. E mais impressionante que isso é o fato de West não se sentir incomodado por ter que dividir espaço com outro rapper ou outro artista. Estranho. Enfim, o tipo de idéia que devia ter ficado na cabeça de quem quer que tenha ousado pensar nisso.

Akon, T-Pain e Lil Wayne resolvem mostrar que definitivamente não sabem cantar ao inundar suas participações no auto-tune. Na época do projeto original, entrava no estúdio quem sabia cantar. Agora entra quem tem duas pernas e coordenação motora o bastante para ir na direção da porta. Triste, muito triste. E dispensável.

Michael Jackson está no projeto. Pena que só uma colagem de sua participação original e não sua presença em estúdio. Sua presença foi apenas em corações. É bom ver que fizeram exatemente algo que ele faria para ajudar aos outros.

Houveram muitos e muitos outros artista no projeto. Mas infelizmente isso não fez dele mais relevante. Uma nova canção talvez seria mais interessante e certa para o objetivo, pois comparações são inevitáveis. O que acontece aqui é que, musicalmente falando, não fez diferença alguma. E o que valeu mesmo foi a intenção. Mas, claro, parabéns aos artistas pela iniciativa.

Que Deus proteja os haitianos e os ajude neste momento tão difícil.