sexta-feira, 26 de junho de 2009

Especial - Michael Jackson e sua morte



Não há palavras suficientes para explicar a genialidade de Michael Jackson; quer você goste dele ou não, ele influenciou praticamente tudo que você pode considerar entretenimento hoje em dia. Brilhante na dança, com uma voz reconhecível instantâneamente, repleta de artifícios de sua própria autoria, seu show mobilizava centenas de milhares de fãs e levantou praticamente sozinho com a força de seus videoclipes da era Thriller o canal que você hoje conhece como MTV.

Michael Joseph Jackson nasceu em Gary (Indiana – Estados Unidos) em 29 de agosto de 1958 e estreou no showbusiness aos 5-6 anos no grupo musical de sua família, o The Jackson 5. Em pouco tempo tornou-se o protagonista de seu grupo, levando-o a começar uma carreira solo em 1971, enquanto ainda com sua família. Um ponto chave para tentar entendê-lo está aqui : Michael, sob uma rígida estrutura familiar, foi obrigado a entrar no grupo a mando de seu pai e empresário da banda, Joseph. Graves problemas de autoestima começaram logo em sua infância, enquanto era caçoado por sua família por causa de sua aparência, que, por *coincidência* seria drasticamente modificada ao longo de sua vida. O grupo continuou com a presença de Jackson até 1984, mas já em 1979 Michael lança seu primeiro álbum sem filiação com os irmãos : Off The Wall. Contribuiu para a carreira de Mike com sucessos modestos comparados aos de seu lançamento seguinte, Thriller (1982) – o álbum mais vendido de todos os tempos. Muito se fala de sua vendagem oficial – que varia de 50 a 100 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, mas..bem…já é o suficiente pra manter-se em primeiro lugar.

Thriller apresentou 7 canções no top 10 da Billboard americana, e o álbum manteve-se em altos postos das paradas do mundo todo por mais de dois anos. Trouxe canções como "Billie Jean", "Thriller", "Human Nature", "Wanna Be Starting Something" (mamase mamasa mamakosa, “da” Rihanna, em "Don’t Stop The Music", lembra?) e "Beat It", como principais representantes. Com esse álbum, os conceitos artísticos e comerciais do videoclipe mudaram; pode não parecer nada fora do normal hoje, mas isso é porque o normal é o que foi estabelecido por Michael. Não havia tanto investimento no videoclipe como nos dias atuais, os principais meios de divulgação da música eram equivalentes aos nossos shows de calouros e o rádio. Tanto é que, passar videoclipes em canais como a MTV, emissora nova na época, não passava de capricho dos executivos das gravadoras. Hoje, é quase imprescindível levar o novo artista a tantos canais de música quanto possíveis, tanto com a exibição de seus clipes quanto com aqueles programinhas de entrevista.

A partir daquele momento, Michael Jackson se consolidava como a principal estrela pop dos anos 80, tendo encontros com presidentes, gerando grandes audiências em qualquer aparição pública, shows lotados para as turnês subsequentes e principalmente criando uma sensação de estrelato “acima do normal”. Pode-se dizer que em Bad, Dangerous, HIStory e Invincible – os álbuns de estúdio seguintes – não se obteve a mesma repercussão de Thriller – feito que dificilmente seria dobrado. Mas para os padrões mundiais, foram grandes sucessos e estão entre os CDs mais vendidos da história.

Como era de se esperar, Michael tornou-se uma figura onipresente em tablóides e vítima constante do julgo popular, que intensificavam-se cada vez mais com a sua progressiva mudança de aparência; verdade que motivada por sua busca por perfeição, grande falta de autoestima e demais problemas emocionais decorrentes de sua vida difícil, mas também pelo Vitiligo, doença em que se perde a pigmentação natural da pele. Jackson se tornava cada vez mais branco, combinando a ação de sua doença e a de maquiagem para igualar o tom de pele, com a de produtos para o clareamento desta.

Somando-se à tudo isso, surgiram as primeiras acusações de pedofilia em 93, muitas delas fundamentadas na manutenção de seu rancho Neverland e os tipos de reuniões com crianças que mantinha lá, juntamente com outras atitudes inusitadas do cantor. Diga-se de passagem, muitas das acusações não passaram de oportunidades que diversas pessoas perceberam de arrancar dinheiro de Michael. O infeliz resultado de muitos anos de especulações, processos, difamação e acordos judiciais foi a queda de sua popularidade, levando todo o patrimônio cultural que deixou à humanidade para o ralo em detrimento de discussões incansáveis a respeito de seu aspecto físico e comportamento “diferente”.

Com uma carreira meteórica que pode se comparar apenas à de Elvis ou à dos Beatles em suas respectivas épocas, Michael Jackson redesenhou o mapa da música popular e deveria ser lembrado exatamente por isso; por ser um dos grandes gênios do mundo moderno. E a sua história, talvez mais de que a de qualquer um, mostra que o American Dream é falho, que por trás do Superstar sempre existiu um ser humano incompreendido, que viveu a maioria dos seus (quase) 51 anos de vida sob grande pressão de gente hipócrita, que nos tempos de bonanza celebrou-o e corou-o Rei do Pop, e em tempos em que problemas começaram a chegar ou mesmo em que sua fama não foi suficiente, atacaram-o à vontade, sem ao menos fazerem questão de verificar se as informações passadas à eles eram verdadeiras. Não estou dizendo que ele fez ou deixou de fazer alguma coisa, mas é muito fácil perceber que a maioria das notícias publicadas na mídia é passível de revisão, tendo em vista que o sensacionalismo vende, e muito.

Agora, de uma fã : espero que sua transição para o “outro lugar” se dê tranquilamente, e que nada mais o prenda nesse mundo – você já fez sua parte! Muito obrigada, Mike! :)


PS: espero que agora a música não vire uma merda de vez…