quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Especial - Vevo - Nova Era Da Música Na Internet?



O dia 8 de novembro de 2009 pode ter anunciado o enterro do YouTube – ou apenas mais uma tentativa frustrada de lucrar com a música na internet. O fato é que o aguardado site de música Vevo, desenvolvido por gigantes como Sony e Google (ou seja, o próprio YouTube) e que vai contar com o apoio garantido de 3 das 4 maiores gravadoras do mundo – Sony, Universal e EMI – foi lançado em uma festa na cidade de Nova Iorque com quantas celebridades se puder nomear : Mariah Carey, Bono Vox, Rihanna, Lady GaGa, Adam Lambert, Pete Wentz (tá…quem é esse mesmo?), Akon, Taylor Swift, além de dezenas e dezenas de CEOs das empresas e grupos representativos na empreitada. O grande investimento parece presságio de sucesso garantido….mas, lá no fundo, fica a dúvida : será que a monopolização da música terá espaço contra o universalismo do YouTube?




Akon, CEO da Universal Music, Doug Morris, Lady GaGa e o presidente da Interscope Geffen A&M, Jimmy Lovine - é...o negócio é sério mesmo!

Os passos do projeto estavam sendo dados muito antes de nos darmos conta, aliás : as gravadoras há muito estão lutando contra saldos negativos gigantescos por causa da “pirataria” na internet, que funciona como uma espécie de lâmina de dois gumes : ajuda a divulgar, mas faz com que as vendas de CDs e singles diminuam vertiginosamente. Um sinal no próprio site de vídeos se mostrou quando o grupo de música Warner resolveu tirar todo o seu conteúdo do Tube, devido à concorrência com vídeos postados por usuários e companhias musicais; além daquelas malditas retiradas de vídeo alegando-se conteúdo não autorizado. Então Vevo, mais que muitos outros métodos de capitalização da divulgação, como anúncios no YouTube, o advento do iTunes, o Last.fm pago, é um grande indicador de que a coisa tá ficando feia.



Doug Morris e Bono Vox

Mas o que Vevo oferece? Vídeos em excelente qualidade e conteúdo exclusivo de gravadoras, além de algumas outras empiriquitações : playlists escolhidas por artistas, as atualizações no twitter dos mesmos e outros fetiches para fanáticos. Mas ao custo de muita encheção de linguiça : o que faria o site valer a pena, financeiramente falando, é uma avalanche inacreditável de propagandas. Daquelas do tipo : seu vídeo será exibido em 9 segundos – mas enquanto isso, curta a oferta de sabão em pó! Sem contar que a tendência é as gravadoras lançarem conteúdo exclusivamente no novo site; o que já “aconteceu” com o clipe de H.A.T.E U de Mariah Carey; afinal, nossos amigos virtuais já deram um jeito de mandar o vídeo pro tubo – o qual provavelmente será deletado daqui a algumas horas…

Eu vou ser sincera : eu não faço a mínima questão de ver um vídeo na mais alta qualidade; não precisa ser na câmera de 2 megapixels também, mas o grande charme do tão consagrado YouTube é a variedade que lá se consegue : encontra-se um clipe de Beyoncé, e nos relacionados morre-se de rir com uma paródia do mesmo. Aliás, inúmeras paródias – além de entrevistas em programas, momentos constragedores do artista – e tudo postado por usuários comuns, sem compromisso com nada. Mas me diga em que planeta as gravadoras, cheias de “não me toque”s, vão disponibilizar vídeos que, sob seu ponto de vista, possam denegrir a imagem do artista? Além de ser uma espécie de funcionarismo público virtual : existem usuários que conseguem “uppar” clipes, entrevistas e aparições de músicos mais rapidamente que os próprios canais de gravadoras – e às vezes em qualidade superior. E o pior de tudo não é isso : o serviço está somente disponível para os Estados Unidos e Canadá. É claro que a perspectiva é ampliar – mas quaaaaanto tempo poderá demorar para que possamos acessar o conteúdo do site nas terras tupiniquins? Até hoje não é possível ver vídeos da MTV americana sem usar o bom e velho proxy. Bem, quem sabe alguém não acorda para a realidade dos internautas (desocupados) brasileiros, que já dominaram o twitter e mandaram Ashton Kutcher ‘chupar’ literalmente.

Duas coisas : se o site bombar, teremos provavelmente a vitória das companhias de música sobre o liberalismo da internet – à base de um tanto de repressão, diga-se de passagem. Se não bombar, é hora de um novo plano totalmente diferente contra a bancarrota da música comercial.

E a outra é : se era pra escolher entre Canadá e qualquer outro país do mundo, escolheria a Índia : a língua oficial é o inglês, os jovens curtem a cultura ocidental e o mais importante de todos : tem gente lá.