domingo, 19 de dezembro de 2010

Prós/Contras Divas 6 (parte 2): Madonna


Níveis


1 - Obra-Prima
2 - Muito Bom
3 - Bom
4 - Aceitável
5 - Ruim
6 - Créeuu

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Prós/Contras Edição Extra!

Continuando nossa longa escavação arqueológica em cima dos singles da Madonna, chegamos aos anos 90. Década onde a maior parte da projeção da Madonna foi baseada no sexualidade. Foi deixado de lado o som dos anos 80 para ser adotado algo mais contemporâneo e mais sexual. O chocante na época porém bobo hoje em dia livro SEX foi lançado para dar mais uma alavancada (e polemizada) na carreira da Madonna. Bem, uma coisa é certa: os anos 90, no final das contas, acabaram sendo de alguma maneira mais fracos para ela. Por que será?


Erotica... hum?

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Erotica (Nível 4: Aceitável)


Foi com "Erotica" que Madonna iniciou seus trabalhos pelos anos 90, foi seu carro alegórico de entrada para a nova década (desconsiderando os singles de trilhas-sonoras e coletâneas). Este single tem um clima denso, algo profundo - tecnicamente falando, claro. Pois o tema, como o título já escancara, é o sexo e suas ramificações.

No final das contas, "Erotica" acaba sendo o single menos representativo da carreira da Madonna - não começando tão bem assim. Tem um refrão um pouco atrativo, porém não é o suficiente para justificar o resto. Tanto que este single é o primeiro single de trabalho de um álbum da Madonna a não chegar no topos das paradas nos Estados Unidos desde Like a Virgin.

Uma outra versão deste single, chamada "Erotic", foi lançada para ajudar a promover o então recente livro Sex - livro este que hoje em dia soa tão besta e sem graça que merece ser esquecido. O detalhe interessante é que a embalagem do single era uma embalagem camisinha! É... pra ouvir esse negócio realmente precisa-se de proteção...


Bem, um #3US e #3UK... Tá bom mas não tá.


Deeper & Deeper (Nível 2: Muito Bom)


Escrita pela Madonna, Shep Pettibone e Anthony Shimkin, "Deeper & Deeper" é uma Dance típica dos anos 90 com leves traços da chamada House. Nitidamente Madonna deixou a sonoridade dos anos 80 para trás, mas só fazendo uma análise de sua passagem pelo anos 90 para saber se isso é bom ou ruim. Aquela parte, digamos, plástica do seu som não está mais aqui - embora ela comece a utilizar outro tipo de sonoridade que pode soar mais plástica, artificial ainda se não for bem conduzida.

Na mesma linhagem de singles como "Vogue" (que será analisada posteriomente), "Deeper & Deeper" tem até mesmo um toque latino (e também grandiloquente) em certo momento. Mas mesmo assim não soa tão diversificada quanto poderia - mas eu acredito que esse seja, digamos, um princípio básico do House - e bem mais interessante que a "Erotica", por exemplo. Pelo menos ela está cantando um pouco melhor do que na década passada. O vídeo-clipe faz referência ao legado artístico de Andy Warhol (seus filmes, mais especificamente). Em resumo: bem filmado.

Uma contagem regressiva de #7US e #6UK.


Fever (Nível 4: Aceitável)


A história de "Fever" vem de muito antes do álbum Erotica, da Madonna. Em 1956 o artista Little Willie John gravou esta canção em um estilo R&B/Rock 'n' Roll. Após isso, várias outras versões foram feitas para ela. A lista é realmente grande; uma porrada de artistas resolveram cantar isso - parece até "To Love Somebody" do Bee Gees ou "Yesterday" dos Beatles, que tiveram uma porrada de versões por aí.

Madonna estava em estúdio gravando uma canção chamada "Goodbye to Innocence" (profético?), até em certo momento ela começou a cantar a letra de "Fever" por cima e acabou gostando o resultado. No final, a canção ficou no álbum e "Goodbye to Innocence" não foi utilizada em nenhum álbum.

Eu acabei conhecendo essa música enquanto explorava o espólio videográfico de apresentações dos Beatles. Como? Explico... Ao achar por um acaso um vídeo de uma apresentação dos Beatles tocando o medley "Kansas City/I'm a Loser/Boys", resolvi ver o que mais tinha disponível daquela apresentação. Foi quando achei um vídeo de uma cantora chamada Lyn Cornell; e ela interpretava esta canção num estilo mais jazzista. Achei bem legal, mas pra ser honesto ficou na minha cabeça por uns 15 minutos apenas... mas valeu o conhecimento em geral.

Mas voltando para a Madonna... Não vemos nada de R&B ou Jazz, lógico. Temos mais do Dance e House que permeia o álbum. Mas sinceramente, se compararmos a canção que a original (até mesmo no diferente contexto no qual Madonna inseriu a canção), dá pra sentir um retrocesso - o que definitivamente não é bom. Mais parece aquela cover promocional que entra como bônus em alguma versão especial do álbum ou de algum outro país tipo Japão ou ainda lado B de single. Você consegue captar traços/referências de outra artista desta época, Crystal Waters - e mais especificamente o single "Gypsy Woman (She's Homeless)".

E apesar dos pesares, ainda acho a versão do Little Willie John mais dançante...

Foi para as paradas apenas da Inglaterra com um #6UK.


Secret (Nível 2: Muito Bom)


Primeiro single do álbum Bedtime Stories de 1994, "Secret" mostra um lado mais R&B da Madonna - o que veio a ser algo muito, muito positivo para ela se compararmos com os outros singles do começo da década. Temos uma canção mais amena, mais melancólica, algo bonito de se ouvir - também uma coisa não muito comum de se ouvir vindo da Madonna, convenhamos. Afinal, mesmo sua sonoridade dançante ter largado o artificialismo dos anos 80, ainda sim Madonna soa mais interessante em projetos R&B.

A canção foi escrita pela Madonna, Dallas Austin e o Shep Pettibone e produzida pelos dois primeiros. E ao meu ver, "Secret" se tornou meio que uma canção resistente ao tempo, do tipo que pode se ouvir 10, 15 anos após que vai continuar soando atual. Aliás, a maneira com a qual a canção foi promovida na época que é que soa bastante atual: no ano de 1994, Madonna lançou na internet 30 segundos do single para divulgação - coisa nada usual na época. Juntamente com este sample, vem uma mensagem escrita pela própria Madonna (ou escrita pelos publicitários dizendo que foi a Madonna só para dar um up na coisa).

Quem diria que anos depois não só esta, mas várias canções no mundo seria comercializadas legal e ilegalmente por este meio de comunicação.

Merecidos #3US e #5UK. Apesar de eu achar que merecia até um pouquinho mais...


Take a Bow (Nível 2: Muito Bom)


Este é o maior hit do álbum Bedtime Stories e um dos maiores hit da carreira da Madonna. Uma linda balada romântica, com uma cuidadosa produção, letra que fala sobre o amor de maneira muito poética e que, sabe-se lá o porquê, nunca foi feita apresentação dela em turnê alguma - ela e Babyface apenas fizeram uma performance da canção no American Music Awards de 1995. O tempo que o single ficou no topo das paradas dos Estados Unidos (sete semanas!) foi um recorde na carreira da loira.

E esta é de fato a primeira colaboração de Madonna com um grande artista. Babyface (Kenneth Edmonds) escreveu e produziu a faixa juntamente com a cantora, fora seus vocais de fundo que foram incluídos no pacote. O resultado do trabalho dos dois foi também que "Take a Bow" se tornou o single mais vendido de 1995.

Sem dúvida nenhuma esta é uma das mais belas canções já lançadas pela Madonna, juntamente com "Like a Prayer" e "You'll See". A voz da Madonna não está muito diferente dos que foi nos projetos daquela época, mas está mais tomada pela emotividade exigida pelo projeto - um grande trabalho!

Um mais que merecido #1US e um injusto #16UK.


Human Nature (Nível 5: Ruim)


O último single do álbum Bedtime Stories acaba se mostrando péssimo e fazendo uma grande queda de qualidade com relação ao outros singles. O quanto destoado este single é comparado com os anteriores é algo gritante. Seria uma espécie de revival de Erotica que ficou totalmente fora de lugar e hora aqui. Não dá pra ignorar que foi uma tentativa de fazer algo diferente, mas também não dá pra dizer que foi algo realmente significante.

Escrita e produzida por Madonna e Dave Hall, "Human Nature" trata mais diretamente da polêmica que envolveu o álbum Erotica e o dispensável livro Sex. Coisa que na época causou muito alarde, hoje em dia soa bobo e ingênuo. Tentando se aproveitar duas vezes do mesmo tipo de marketing só fez com que a coisa toda soasse velha e usada - o que de fato é verdade. Este single parece uma versão reciclada de algo vindo do álbum anterior.

O vídeo-clipe nos lança aquela baboseira de sadomasoquismo que tudo (ou quase tudo) tem a ver com as "travessuras" da Madonna com seu álbum e livros anteriores. Notem que atos como esse iriam inspirar artistas como Christina Aguilera a fazer porcarias no futuro...

Para encerrar, Madonna resolveu samplear uma canção para servir de base para seu single. O que eu digo é: não dá pra culpar a Madonna totalmente pela ruindade do projeto... No final das contas, eu conheço outra "Human Nature" muito, muito melhor!

Um óbvio #46US e um contestável #8UK...


Frozen (Nível 2: Muito Bom)


Aqui está um bom exemplo de uma tentativa de algo diferente que deu certo (diferente de "Human Nature"). "Frozen", do super-consagrado álbum Ray of Light (20 milhões de cópias vendidas) segue uma linha bem diferente de Pop plástico dos anos 80 ou de baladas românticas dos anos 90: temos um exemplar de Trip-Hop, algo bem interessante vindo de uma artista como a Madonna. Vemos uma Madonna mais gótica, mas obscura no belo vídeo-clipe da canção - e sem sutiãs cônicos ou vestidos de topless. Algo que realmente dá pra levar a sério.

Madonna traz novamente William Orbit e Patrick Leonard, unidos, para a produção do single. Escrito pela Madonna e Leonard, a letra trata de um homem "emocionalmente congelado" - exatamente com o clima de Música Ambiente da canção deixa transparecer, você se sente dentro do coração de tal pessoa, com seus sentimentos gélidos.

Eu considero "Frozen" uma espécie de pedido de desculpas pelo que foi "Human Nature". É como se você resolvesse fazer algo de novo, só que na maneira correta, com tinha que ser. E a resposta foi óbvia: o novo single foi aclamado e considerado um dos melhores de sua carreira.

E no final das contas, um #2US (tá, foi bom, mas não acho que foi um resultado injusto ela não conseguir o #1) e um #1UK.


Ray of Light (Nível 3: Bom)


Em "Ray of Light" vejo a melhor atuação vocal da Madonna nos anos 90. Pra falar bem a verdade, vejo a melhor atuação vocal da Madonna em toda sua carreira - ela soa como qualquer outra cantora menos ela. A mistura de Dance com House deste single serviu de recipiente para que ela tentasse dar o seu melhor (pelo menos vocalmente falando). É uma das faixas mais modernas de sua carreira até então.

A canção tem um clima urgente e vocais fortes. A produção ficou também por contade William Orbit com Madonna. "Ray of Light" também contém samples de outro projeto. No caso, "Sepheryn" de Clive Maldoon e Dave Curtiss - bem, até que é legalzinha e não ficou muito reconhecível na versão da Madonna, o que deixa uma comparação em cima do muro.

Esta música foi utilizada na campanha de divulgação do Windows XP associada com a imagem Bliss e também ganhou dois Grammys (Melhor Gravação Dancante e Melhor Vídeo-Clipe), perdendo o de Gravação do Ano para a óbvia "My Heart Will Go On" da Celine Dion (do também óbvio filme Titanic).

Resultado? #5US e #2UK...


Drowned World/Substitute for Love (Nível 3: Bom)


Este single parece ser uma segunda incursão de Madonna pelo Trip-Hop, juntamente com "Frozen" - porém temos os climas ligeiramente alterados aqui, diferente da pegada mais gótica do outro single (algo me diz que a Madonna deve ter adorado ouvir o Portishead nos anos 90...), mas mantendo aquela Música Ambiente no ar. O trabalho de William Orbit de Madonna aqui foi de fazer algo mais Easy, sem as conotações e clima mais densos. Mesmo assim, não conseguiu o mesmo grau de imersão do supracitado single por talvez ser parecido demais.

A canção (escrita por Orbit, Madonna, Rod McKuen, Anita Kerr e David Collins) chegou a ter uma versão bem diferente da atual chamada "No Substitute For Love", com letra um pouco diferente e melodia bem distinta. E no final das contas este single não foi lançado nos Estados Unidos.

Dá pra perceber que quando a Madonna deixa o sadomasoquisto e a sacanagem de lado tudo flui com mais qualidade e interesse. O problema é que esta fase vagabunda acaba servindo de inspiração para outras cantoras Pop fazem suas imbecilidades baseadas nisso. É uma espécie de herança maldita da música.

Como não teve lançamento pro Tio Sam, a canção conseguiu um #10UK.


The Power of Good-Bye (Nível 3: Bom)


A balada Pop "The Power of Good-Bye" foi escrita pela Madonna e por Rick Nowels (que escreveu o clássico "Heaven is a Place on Earth", de Belinda Carlisle). Mais uma vez Patrick Leonard e William Orbit juntam suas forças criativas com Madonna. Canção meso Electronica, meso Acústica, ainda contém alguns elementos do agora exaustivamente explorado pela Madonna, Trip-Hop. Rumores apontam o tema da letra como sendo o seu ex-marido, Sean Penn.

É uma canção muito bonita e até tocante. A voz de Madonna está surpreendemente boa - o cuidado feito neste campo no álbum Ray of Light é realmente incrível. Porém, não é uma canção muito comercial, apenas para "uso pessoal", para compor sua fossa. No fundo é apenas para iniciados - ou seja, pra quem já passou por coisas como "Like a Virgin" e chegou até aqui inteiro.

Um #11US e #6UK...



Nothing Really Matters (Nível 5: Ruim)


Baseando se em "Nothing Really Matters", dá pra sentir uma saudade enorme de "Like a Prayer", pois era uma canção com força, densidade e beleza dificilmente copiáveis. O que ouvimos neste single em questão é algo parecido, pelo menos se não em proposta pelo menos em clima. Só que a coisa toda aqui não progrediu muito, sendo assim um dos singles mais fracos do álbum nas paradas do Tio Sam.

Além da produção padrão de Madonna e William Orbit, esta canção conta com a colaboração de Marius de Vries, que já produziu vários artistas como Rufus Wainwright, Pet Shop Boys, Kylie Minogue, U2, Annie Lennox e Josh Groban. O currículo do cara é variado, porém não dá pra notar uma grande e referenciada mudança e distinção. E o maior erro da canção é justamente esse: parece um galho de árvore numa floresta. Não dá pra enxergar de longe de diferenciar do restante. Mais ou menos como foi o caso de "The Power of Good-Bye", é apenas para iniciados, fãs de carteirinha da Madonna.

Um #93US que até da pra considerar uma injustiça, pois não foi tãoo ruim assim e um #7UK.


A penúltima parte está por vir: A década 2000.

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