quinta-feira, 24 de março de 2011

AMR - Love Me (Justin Bieber)

Análise: Single promocional saido do EP My World, de Justin Bieber. Lançado em Outubro de 2009, alcançou #37US e #71UK.


Lovefool - Love = Fool... é isso aí, Fool!

———————————————–

Nos anos 90, uma banda chamada The Cardigans surgiu produzindo um som bem Pop - nada de novidade se lembrarmos que isso é a coisa mais comum do universo. Fundada em 1992, a banda liderada pela vocalista Nina Persson produziu um clássico Pop e bem engraçadinho no álbum First Band on the Moon, de 1996: "Love Fool". A canção é daquele tipo que gruda no ouvido, uma melodia interessante e bem agradável. Quem gosta de música Pop dos anos 90 com certeza conhece e tem certa consideração por esta peça.

O que acontece é que, geralmente, este tipo de projeto não precisa nem é passível de qualquer tipo de releitura. Se você se presta a reproduzir uma obra ou fazer um referencial a ela, você precisa ter plena convicção e capacidade de fazer melhor do que sua versão original - pois podem haver casos em que a versão original não seria a melhor, a mais trabalhada, mais realizada. É como fazer cover das músicas do Queen. Ou você fazer de uma maneira que possa ser tão agradável quanto ouvir os solos de Brian May ou a voz magnífica de Freddie Mercury ou você vai catar coquinho na ladeira. Tentar reproduzir a coisa com competência ou vai apenas queimar a sua cara e, dependendo do caso, remexer uns esqueletos no caixão (como seria o caso de Freddie Mercury).

Agora, voltando...

Em 2009, Justin Bieber lançou seu primeiro projeto "consistente" chamado My World, um EP (uma gravadora que olha pro Bieber realmente não teria coragem de lhe dar a chance de um LP logo de cara) que foi sua porta de entrada para o show business - e que contém a constrangedora e infantil "One Less Lonely Girl". E, dentre as canções deste álbum, está uma chamada "Love Me", a última do tracklist. E é aí que está o problema.


Eu não resenharia uma canção do Justin Bieber do nada (ainda mais de um EP que ainda por cima foi lançado em 2009 - com raríssimas excessões, as canções de Bieber não são atrativas ou interessantes). Mas o que temos aqui é um caso clássico: artista novo fazendo cover ou uso de samples de algum artista mais antigo ou single clássico - vale lembrar, por exemplo, Katy Perry com "Use Your Love", sua versão para "Your Love" da banda de Pop Rock oitentista Outfield. E neste momento encaixamos todo este prólogo que redigi no começo deste artigo: a clássica "Lovefool", que até mesmo os próprios The Cardigans não utilizam mais, não estava necessitando de qualquer releitura e não seria Justin Bieber que faria, de alguma maneira, a coisa ficar melhor.


A canção tem todo um clima sintético, Pop sintético pré-processado. Não muda muita coisa do que Bieber anda fazendo e se esta direção não for mudada logo, podemos carimbar na testa de Justin um gigante "Carência de Originalidade". Pra quem acha que o sample de "Lovefool" poderia melhorar algo, apenas transforma, tristemente, o refrão em algo sem nenhum tipo de energia ou referencial - o único referencial, aliás, é você desligar isso e ir ouvir The Cardigans.

Por fim, a sensação é de você imaginar comer um prato de macarronada mas te servirem um prato de miojo. É como querer ouvir Michael Jackson e tocarem Justin Timberlake. É como querer assistir CQC e passar Legendários. Enfim, Justin Bieber de fato não canta mal, mas a força que faltou neste projeto é tanto que ele deve ser devidamente esquecido.