sábado, 26 de novembro de 2011

Especial - 20 anos sem Freddie Mercury


24 de Novembro de 1991. Esta data marca a retirada de mais um tijolo do muro da sólida música internacional. Após vários terem sido retirados, como Elvis Presley e John Lennon, temos a sensação de que a força musical que teve seu ápice durante tantos anos, está enfraquecendo cada vez mais. E a perda de Freddie Mercury é mais uma destas sensações amargas que sentimos mesmo após anos passados. A falta que Mercury faz para o Rock é a mesma que Michael Jackson faz para o Pop. São peças insubstituíveis no mundo da música que enfraquecem o colosso erguido nas épocas douradas da música e que ainda sobrevivem, ainda que superficialmente, através de artistas como Stevie Wonder, Bruce Springsteen e vários outros.


Nascido em Zanzibar, África Oriental, o jovem Farrokh Bulsara (nascido em 5 de Setembro de 1946) tinha um sonho reprimido em seu mundo secreto. Junto com várias aspirações e segredos que estavam guardados dentro de si, o sonho de ser uma estrela, de ser amado e idolatrado escondia-se atrás de uma figura chamada Freddie Mercury. Com o tempo, a criatura tomaria conta deo criador irremediavelmente.

Farrokh sempre foi alimentado com cultura ocidental, o que foi definitivo para moldar sua figura e seu coração musical. Lia as tragédias de Shakespeare e ouvi com entusiamo o Rock de Elvis Presley e Little Richard e admirava o Blues norte-americano, sendo inspirado por cantoras como Billie Holiday, Dinah Washington e Sarah Vaughan. Quando Farrokh foi enviado para estudar longe dos pais, recebeu o apelido de Frederick, que depois foi abreviado para Freddie. Neste período, ele estudou, além das disciplinas tradicionais, música e interpretação, com grande ênfase em ambos. Com 12 anos de idade, participou de sua primeira banda, o The Hectics, com influências de Cliff Richard e Little Richard.

Acredito que esta foto seja a do The Hectics (com Freddie no meio)

A família Bulsara acabou por deixar Zanzibar em 1964 por motivos políticos e foram para Londres. A confortável vida que tinham devido ao trabalho de Bomi Bulsara, pai de Freddie, para o governo britânico proporcionava uma vida mais luxuosa, com babas e motoristas. Mas em Londres a realidade foi outra. Bomi e Jer, mãe de Freddie, tiveram grandes dificuldades de adaptação, mas para Freddie aquilo tudo soava espetacular. Era a vida que queria e que em Zanzibar não teria nunca. E depois de se formar em Arte e Design Gráfico, ele se sentiu livre para tentar investir e viver de sua arte.

Participou de uma banda chamada Ibex (que, mais adiante, mudou seu nome para Wreckage), enquanto a banda Smile (que tinha como membros Brian May, Roger Taylor e Tim Staffell) fazia moderado sucesso. No Wreckage, Bulsara mostrava seus instintos no palco que impressionavam a todos. Foi neste período que, durante uma nervosa apresentação, Bulsara arrancou a haste do microfone do pedestal sem querer, e ele acabou por improvisar em cima disto. Este erro acabou consolidando um dos atos mais famosos dele no palco. Outra banda que participou, o Sour Milk Sea, serviu também como mais um degrau em sua jornada pelo sucesso. Como ele precisava de um grupo que tivesse a mesma pretensão que ele (e não viu isso nestes grupos), acabou os deixando de lado para procurar algo mais condescende com seus ideais.

Não muito tempo depois, Staffell deixa o Smile e Freddie acaba sendo membro da banda, que mudou seu nome para Queen, por sugestão do próprio. Após passarem três baixistas, um deles inclusive tentando tomar o lugar de Freddie no cargo de performer, John Deacon acabou assumindo a vaga e consolidando um dos maiores grupos da história do Rock.

O Sour Milk Sea, com Freddie do lado esquerdo da foto, em 1970

Desde então, o grupo começou a trabalhar suas canções e sua presença de palco. Durante a composição da canção "My Fairy King", do primeiro álbum, Freddie terminou de definir sua persona pública, se auto-intitulando Freddie Mercury (a canção contém a linha "Mother Mercury/Look what you're done to me/I cannot run I cannot hide"). Estava moldado ali um novo homem. Farrokh Bulsara dava lugar agora ao icônico Freddie Mercury.

Um dos grandes atos do Queen foi abrir shows para a banda Mott the Hoople em 1974, e acabaram roubando a cena, sendo mais populares que a atração principal. Conforme a banda ia se desenvolvendo e adquirindo seu espaço, eram proporcionalmente explorados pelo empresário Norman Sheffield, que lhes pagavam honorários medíocres mesmo com o progresso incrível da banda. Através do advogado Jim Beach, o Queen conseguiu um acordo para se livrar de Sheffield e assim continuar. Foi então no álbum A Night at The Opera (álbum da clássica "Bohemian Rhapsody") que Freddie escreveu uma "homenagem" para o ex-empresário, "Death on Two Legs (Dedicated to...)", onde o Queen libera toda sua ira e cólera contra o explorador Norman.

O Queen nasce e conquista pouco a pouco seu território

Os anos 70 mostraram-se muito produtivos para a banda, diversos clássicos do Rock foram forjados pela banda e dominaram os ouvidos do mundo. "Killer Queen" e "Now I'm Here" do álbum Sheer Heart Attack. As duas foram os cartões de entrada da banda para o mainstream.

As quatros grandes canções do A Night at The Opera escritas por cada membro da banda ("Bohemian Rhapsody" por Freddie, "I'm in Love With My Car" por Roger, "'39" por Brian e "You're My Best Friend" por John - que teve que aprender a tocar seu piano elétrico, já que Freddie se recusou a tocá-lo por considerar o instrumento horroroso).
"Bohemian Rhapsody", o Magnum Opus da banda fez um sucesso incrível, apesar de inicialmente ter sido esnobada pela crítica. Cada membro da banda cantou as canções citadas, com exceção de John Deacon, que não considerava sua voz boa o bastante para competir com seus companheiros.

A solitária canção de Freddie, "Somebody to Love" do álbum A Day at The Races mostra um lado forte de Mercury, o lado em que procura alguém para amar e ser amado enquanto vive as batalhas da vida. Durante toda a vida, Freddie procurou este alguém e escreveu sobre (um exemplo que trata desta solidão é "Living On My Own" (que teve o vídeo-clipe gravado durante uma festa de comemoração de seus 39 anos em Montreal) do seu primeiro álbum solo, Mr Bad Guy.

Os imortais hinos "We Will Rock You" e "We Are The Champions", de Brian e Freddie, respectivamente. Freddie escreveu "Champions" pensando em um hino de vitória, especificamente no futebol. E a pretensão de Freddie foi além, sendo esta uma das canções mais lembradas e cultuadas da banda. E no último álbum dos anos 70, Jazz, saíram as pérolas "Fat Bottomed Girls", "Bicycle Race" (com seu vídeo-clipe que mostra mulheres nuas andando de bicicleta) e "Don't Stop Me Now", animada e frenética canção de Freddie do qual Brian May admitiu não gostar muito (sua participação na canção foi apenas um solo de guitarra).

Uma nova era para o Queen

Os anos 80 foram uma época de tremendas reviravoltas. A começar pelo visual de Freddie, que adotou um imagem mais masculina, com cabelos curtos, bigode e roupas de couro. Com dois projetos no começo da década, a trilha-sonora do filme Flash Gordon e o álbum The Game. Com este álbum, tivemos clássicos como "Play The Game", mas uma canção sobre encontros e desencontros amorosos, a meio Rockabilly "Crazy Little Thing Called Love" (composta por Freddie enquanto estava numa banheira!), a linda "Save Me" e a possivelmente mais famosa canção da banda, "Another One Bites the Dust", de John Deacon. Foi esta canção e a mudança geral no cenário musical que fizeram Freddie e John insistir num som mais voltado para o Funk. Brian e Roger não acreditaram muito no futuro com isso, mas resolveram tentar. Foi nesta tentativa que Hot Spaces foi concebido. O álbum foi meio que um choque musical, pois não tinha exatamente o que o público estava acostumado. Canções como "Back Chat" e "Cool Cat" são memoráveis, mas o que salvou o álbum foi a colaboração com David Bowie na faixa "Under Pressure", que nasceu de uma jam entre o cantor e a banda - David também participou da faixa "Cool Cat", mas pediu para ser retirado do projeto, por não ter achado satisfatório.

Renovação e as velhas raízes

No álbum The Works, de 1984, o Queen voltou com seu velho Rock e ainda mantendo o recém experimentado Funk em seu som. Um grande exemplo disso é "Radio Gaga" de Roger Taylor. "It's a Hard Life" é uma bela canção de Mercury ao piano e "I Want to Break Free" de Deacon se tornou um dos maiores sucessos da banda. Freddie, que nesta época estava amorosamente envolvido com Barbara Valentin, ainda estava em sua busca do grande amor, e parecia não ter encontrado isto em Barbara. Apesar de sua carreira estar no topo, o amor ainda não tinha o encontrado. No ano seguinte, sai o álbum Mr Bad Guy, com o trabalho solo de Freddie. Não foi um grande sucesso, mas mostrou o que Freddie queria expressar fora da bolha musical do Queen. "I Was Born to Love You", "Made in Heaven" e "Living on My Own" são bons exemplos da capacidade musical de Freddie como artista solo - e também demostram a carência afetiva do astro.

Dois grandes momentos para a banda foram sua participação no Live Aid e as duas noites no Rock in Rio. No Rock in Rio, o Queen foi considerado a maior atração do festival que contava com a participação de Iron Maiden, Whitesnake, AC/DC, Scorpions, Rod Stewart e Yes. Foi declarado por eles que a versão tocada no festival de "Love of My Life", com o acompanhamento da platéia, foi a mais bela já feita por eles.

No Live Aid, mostra a banda simplesmente dominando o espetáculo e se destacando com a melhor apresentação, frente a artistas como Elton John, Dire Straits, U2, David Bowie e The Who, com audiência de quase 2 bilhões de pessoas na TV. Foi um momento glorioso para a banda - que havia sido muito criticada por, recentemente, ter quebrado um boicote cultural à África do Sul. Elton John, grande amigo íntimo de Freddie, acusou o Queen de ter roubado a cena. Mas ainda tinha mais por vir...

A grande revelação - cinco anos

O lançamento de A Kind of Magic marcou outro grande momento para a banda. Canções de peso como "One Vision" e "A Kind of Magic" e as belas "Who Wants to Live Forever" e "Friends Will Be Friends" mostraram que o Queen ainda tinha muita lenha para queimar, muito a produzir. A turnê do álbum foi a mais grandiosa já feita pela banda (e até então, por qualquer banda). No ano seguinte, Freddie daria mais vazão a sua carreira solo, com o lançamento do single "The Great Pretender" (regravação do clássico do The Platters). Freddie se identificava com o rótulo de fingir o que não é assim como o personagem da canção. O ano foi marcado também pelo início do projeto com a cantora de Ópera Montserrat Caballé, o álbum Barcelona. Nesta época, Freddie acabou raspando seu bigode, uma de suas marcas registradas.

Foi neste ano de 1987 que Freddie acabou sendo diagnosticado com o vírus da AIDS. Um momento pesado para um gigante. Com todo o apoio de Jim Hutton, Freddie foi em frente e concluiu com êxito Barcelona. Depois disso, era a vez de mais um trabalho com o Queen. O álbum The Miracle foi feito com força, trazendo assuntos como a mídia que não largava o osso com a relação à banda, como "Scandal". Canções como "The Miracle", "Breakthru" e "The Invisible Man" mostravam que a banda ainda conseguia manter bem unidos e em grande qualidade o Rock e Funk. Freddie começava a sentir os males de sua doença e a banda já não saia mais para turnês, preferindo fazer vídeo-clipes em seu lugar. Após o trabalho com Caballé e o álbum do Queen, tudo o que Freddie queria era mergulhar mais ainda no trabalho, o trabalho que salvou sua vida do vazio. Então vieram os preparativos para os últimos momentos...

O show tem que continuar...

Innuendo. Este foi o último álbum lançado pela banda com Freddie ainda vivo. A força deste álbum é impressionate. Freddie canta com poder total, como se estivesse 100% saudável. Durante as gravações da canção "The Show Must Go On" (na minha opinião a mais poderosa atuação vocal de Freddie), Brian duvidou que Freddie conseguisse gravar os vocais. Freddie foi em frente, tomou uma generosa dose de vodka e disse: 'I'll fuckin do it, darling!'. O resultado foi impressionante. A canção foi gravada em apenas um take.

"I'm Going Slightly Mad" tratava de maneira sombria a doença de Freddie e seu estado mental. O vídeo-clipe filmado em preto e branco e com muita maquiagem, tentava esconder a fragilidade da qual Mercury se encontrava. "Headlong" era, originalmente, parte do álbum solo de Brian, chamado Back to the Light. Mas ao ouvir Freddie cantar, acabou por colocá-la no álbum do Queen. "Innuendo" foi o último single a alcançar um #1UK e pode ser considerado uma "Bohemian Rhapsody" 2 em termos de complexidade e estrutura. É a canção mais longa já lançada como single pela banda.

Digamos que "These Are the Days of Our Lives" foi uma espécie de despedida dos fãs e do mundo. No vídeo-clipe (também filmado em preto e branco), Freddie aparece bem magro e debilitado. Mas mesmo assim continua com sua teatralidade. Com Roger e John ao seu lado (May estava em uma viagem a gravou sua parte posteriormente), Freddie cantava e, ao final do vídeo, se despedia com um 'eu ainda amo vocês'.

Após o álbum, Freddie tentou gravar o máximo de vocais possíveis para que o restante da banda terminassem as canções. Os resultados saíram no álbum Made in Heaven. Foram feitas duas regravações da carreira solo de Freddie ("I Was Born to Love You" e "Made in Heaven"). Mas com certeza a canção mais marcante é "Mother Love", a última canção que Freddie gravou. A canção fala sobre o amor materno e tem linhas como 'mamãe, por favor, deixe-me voltar para dentro', referindo-se ao útero - lugar onde ele estaria protegido do mundo. As últimas linhas da canção foram gravadas por Brian porque Freddie já estava muito doente, sofrendo de bronco-pneumonia que acabou o matando.

24 de Novembro de 1991. O homem, a lenda foi descansar em paz, uma paz que ele nunca encontrou em qualquer canto do planeta Terra. Jim Hutton falaceu em 2010 e Mary continua morando na casa que Freddie lhe deixou de herança. Em 1992, os membros do Queen se juntaram a outros artistas e fizeram um show de homenagem. Gente como David Bowie, George Michael, Elton John e Robert Plant homenagearam a grande estrela.

Uma das maiores do seu tempo e de todos. Que descanse em paz...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sebo - Falta de tempo

Pessoal, as coisas estão meio atribuladas, mas em breve haverão mais posts!

Só ter paciência... :P

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

AMR - Next 2 You (Chris Brown & Justin Bieber)




Análise: Quarto single do álbum F.A.M.E. do cantor Chris Brown. Com participação de Justin Bieber, alcançou #26US e #14UK.


Bibar, é melhor não ficar muito perto...

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Tente o seguinte raciocínio: você é uma estrela do Hip Hop que fez um considerável sucesso, mas como conseguiu ser estúpido, idiota e imaturo o bastante para jogar sua carreira na descarga batendo em sua namorada (tão famosa quanto você), você agora não consegue mais a mesma projeção de antigamente - seus discos não são mais tão vendidos e bem recebidos e as posições nos charts são decepcionantes. O que seria mais lógico? Tentar algum projeto com alguém que está íntegro e tem uma carreira momentaneamente meteórica. A vítima, literalmente, foi Justin Bieber. E não digo vítima porque o garoto se parece com uma mulher, mas pelo simples fato de que não seria bom para ele manter certos contatos por muito tempo. Enfim, quem se importa?

O fato é que os dois se juntaram para um projeto em comum. Obviamente não tiveram muita empolgação na coisa ou não tinham muita fé no próprio taco, pois "Next 2 You" acabou por ser o quarto single do álbum de Brown, e não houve alardes devido ao seu lançamento. Aliás, aqueles remixes feitos entre dois artistas (lançados após a versão original do projeto) costumam ser mais chamativos que isso. Serve pelo menos para nos satisfazer a curiosidade a respeito do que é um encontro entre uma estrela de Hip Hop violenta de talento vocal limitado e um Pop Star infantil de voz irritante...

Calma, Chris! Não é mulher, não!

Temos um Pop fácil e descartável, do tipo que não empolga e que não faz falta. Realmente eu não estava exagerando quando disse que o projeto não se sustentava. Ambos, por incrível que pareça, já fizeram algo melhor que está canção antes e sem esforço (ou não) poderiam fazer algo melhor. Sinto falta de quando New Edition e Take That era o que o mundo tinha de melhor em matéria de Pop descartável...

O vídeo-clipe até que é razoavelmente bem "feitinho" para o vácuo criativo da canção, mas não passa disso. Ver o Chris Brown loiro me faz pensar automaticamente em Pagode. Ou seja: que merda. Eu adoraria traçar um paralelo entre Brown e o "cantor" Belo, mas é melhor deixar pra lá (afinal, eu poderia fazer isso com o Netinho se esforços)...

Se você é fã do Chris Brown, meus pêsames pela morte da carreira do cantor. Se você é fã do Justin Bieber, meus pêsames pela morte do seu gosto musical (ou do seu cérebro). O melhor que você tem a fazer é esmiuçar Pop e Hip Hop de qualidade nas catacumbas do Youtube. Sempre acha-se algo melhor no passado (essencialmente se tratando de música).

Obs: Uma dica para o Justin Bieber é realmente ficar longe do Chris Brown. Se parecendo com uma menina ele pode acabar levando uma sova do Brown...

domingo, 6 de novembro de 2011

Aconteceu - Boletim Musical (06/11/2011)

"'Gostaria de ter tantos hits quanto Beyoncé' diz roqueira Debbie Harry, do Blondie"


Hum, não, Debbie. Melhor não...

"Sob chuva, fãs "matam" aula por ingresso para Justin Bieber no RS"


Nunca uma aula foi morta por motivo tão idiota e banal. Preciso dizer o que serão os fãs dele no futuro?

"'O grande sucesso ainda está para chegar', afirma NX Zero"


Bem... vamos ver se eles vão estar vivos até lá...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Prós/Contras Divas 6 (parte 3): Madonna

Leia também: Prós/Contras Divas 6 (parte 1): Madonna


Níveis


1 - Obra-Prima
2 - Muito Bom
3 - Bom
4 - Aceitável
5 - Ruim
6 - Créeuu

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Prós/Contras Edição Extra!

Na penúltima parte do especial Prós/Contras da Madonna, acompanhamos sua introdução aos anos 2000 e seus ali completados 20 anos de carreira. De uma certa maneira, ela esteve mais comedida nesta década, tentando um tipo de som mais sério até acabar enveredando para o Pop tresloucado e puramente comercial. Os resultados apresentados não são tão bons quanto os das duas décadas anteriores, mas mostrou que ela conseguiu se consolidar relativamente bem suas raízes musicais no mundo.



Music!

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Music (Nível 3: Bom)


O primeiro single de Madonna saído de um álbum de inéditas se mantém como seu único primeiro lugar nas paradas norte-americanas e o último de sua carreira até agora. A música também agitou as pistas da Inglaterra, Canadá e Itália. Madonna e Mirwais Ahmadzaï (produtor e compositor especialista em Electronica que foi trazido para o mainstream por Madonna) produziram e escreveram o single que, curiosamente, foi uma das várias vítimas do então inovador e jurássico Napster, meses antes do seu lançamento. Isto despertou a ira de Madonna que saiu em campanha contra o programa juntamente com outros músicos.

A canção tem uma batida até que atraente e estimulante para as pistas de dança. Porém parece que algo fica no meio do caminho. É como estar numa montanha russa, subindo bastante e, na hora de descer com tudo, a coisa não acontece como esperado - apenas uma descida mais calma e morosa. Apesar de Mirwais Ahmadzaï ser um cara mais entendido do ramo, a coisa toda não saiu com todo o potencial que - talvez - pudesse ter tido. Uma parte da voz da Madonna é condensada por efeitos. Aliás, este projeto lhe rendeu duas indicações ao Grammy - Gravação do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Feminina. O que é surpreendente...

O vídeo-clipe é relativamente comum, com uma participação de um cara muito conhecido na Inglaterra porém estranho para o Tio Sam. O personagem Ali G, criação do humorista Sacha Baron Cohen (que viria a ficar mundialmente conhecido por fazer de trouxa justamente o Tio Sam com seu personagem Borat e depois com Brüno). Ali G é o motorista da Madonna e no vídeo aparecem cenas como Madonna se divertindo com amigas num bar de stripper com... mulheres dançando semi-nuas. Apenas para não perder o costume...

Bem sucedidos #1US e #1Uk.


Don't Tell Me (Nível 3: Bom)


Nesta canção, Madonna e Mirwais Ahmadzaï (sim, ainda ele) trouxeram o que podemos chamar de Country Pop. De fato, não é algo que se ouve (ou quer se ouvir) todos os dias. Mas o fato é que esta música é algo um tanto quanto intimista, o que traz um tom um tanto inovador. Afinal, não dá pra imaginar o Willie Nelson, por exemplo, fazendo este tipo de malabarismo estilístico com o gênero musical favorito dos norte-americanos. Esta canção, em sua maior vantagem, é um projeto mais sério e centrado que "Music" - o que nos faz tentar um esforço para levar a sério.

A parte intimista da canção é interessante atrativa. O Country costuma ser algo meio repetitivo e muitas vezes sem personalidade, mas aqui ele é maquiado pela máscara Pop, sobrando-lhe apenas referências breves como uma progressão de acordes de violão e um vídeo-clipe (muito bem feito, ainda mais para um vídeo que tem mais de 10 anos!) onde um pouquinho da cultura cowboy é mostrada. A voz da Madonna está soando muito bem aqui - o que pode ser um indicativo de que talvez a vida em Nashville pudesse lhe fazer bem musicalmente. Bem, esqueçam esta última parte, vai...

A canção fez um grande sucesso também, tendo o single vendido mais de 4 milhões de cópias. Talvez a escolha por um caminho diferente tenha sido essencial para tal resultado. Interessante também a voz da Madonna soar mais limpa e, de forma alguma, prejudicial ao conjunto.

Talvez injustos #4US e #4UK. Talvez pelo menos um top 3 para este.


American Life (Nível 4: Aceitável)


Aqui está a primeira tentativa de Madonna de fazer trabalho mais sério, mais conceitual, com mais consciência social para o mundo. Obviamente que, para uma artista que trabalhou praticamente sua carreira inteira em cima do marketing e da música fácil, não seria algo simples de se fazer digerir. E não foi. Apesar de ter sido relativamente bem acolhido, o single "American Life" teve um desempenho apenas modesto nos Estados Unidos (o álbum, apesar dos pesares, chegou em primeiro). Se comparado com projetos anteriores, foi como uma ducha de água gelada (não para os fãs, talvez, mas para a comunidade musical em geral).

O clima criado por Mirwais Ahmadzaï já começa a mostra algum desgaste, um caminho já trilhado no álbum Music, mas que ainda sim soa interessante, tem seu interesse. A voz de Madonna está consideravelmente desfrutável - tirando um momento em que ela faz o que podemos chamar de rap, algo que ficou meio fora de hora e/ou lugar.

O vídeo-clipe tem algumas cenas chocantes mostrando consequencias de guerras (as vítimas) e o que seria um desfile de moda com esta temática. Madonna aparece ora como alguma oficial do exército, agora como sei-lá-o-que. No final, de cima de um blindado, ela joga uma granada que cai na passarela - e existe uma lenda que diz que a ideia original era de que esta granada cairia nas mãos de George Bush (seria uma bomba muito bem utilizada), mas foi cortada da edição final. No fim, o vídeo foi censurado e substituído por um onde Madonna, ainda vestida com farda, cantada enquanto várias bandeiras de países passaram atrás dela.

Um #37US (o que mostra que muita gente aí voltou no Bush) e um #2UK.


Link da versão posterior: http://www.youtube.com/watch?v=LYduJw5LyFM

Hollywood (Nível 4: Aceitável)


Com o single "Hollywood", Madonna conseguiu um feito há muito não alcançado: seu primeiro single a não figurar no top 100 nas paradas norte-americanas em 20 anos. A intenção é que Hollywood fosse mais comercial que o single anterior, com uma temática diferenciada. Mas no final, temos algo um pouco banal (melodicamente falando). Lembra bem uma daquelas faixas que servem para preencher o vazio de um disco - e que acabou sendo colocada como single. Ao meu ver o que mais ajudou na difusão desta canção foi o remix feito para a gigante GAP. A canção conta com a participação de Missy Elliot e foi mixada com "Into The Groove". Este remix era apenas para a divulgação da marca citada, mas acabou sendo extendido e lançado em um álbum (no caso, Remixed & Revisited) e não foi lá muito bem recebido.

Bem, devo dizer que esta versão remixada com algo que já existia antes (tipo, quase uns 20 anos!) ficou mais palatável e audível que a versão original. Não que Missy Elliot ajudasse em algo, mas é que o clima frenético e dancante de "Into the Groove" é bem mais interessante e estimulante que a batida meio intimista e sintetizada de "Hollywood". O fato de querer soar mais acessível que "American Life" é bem aceita, mas a teoria acabou ficando meio distorcida coma a prática.

O vídeo-clipe não tem lá muito atrativo, tendo como atrativo maior um processo vindo de um fotógrafo chamado Guy Bourdin, que acusou Madonna de roubar referências artísticas de seu pai. Aqui está um exemplo.

Então, surpreendente #2UK.


Love Profusion (Nível 2: Muito bom)


Esta foi uma real tentativa de Pop, de algo mais acessível e comercial. E deu certo, finalmente. Apesar de ter sido um single ignorado nos Estados Unidos, foi razoavelmente bem na Inglaterra e Canadá. Teve seu lançamento atrasado na terra do Tio Sam (2003 nos países citados e 2004 lá) para coincidir com o lançamento do perfume Beyond Paradise, que utilizava a canção em sua propaganda. Mas acabou sendo o terceiro single do álbum American Life a ser desprezado pelo povinho do hamburger (a faixa-título foi a única que conseguiu alguma atenção).

O uso acentuado de um violão e a despretensão com grandiloquências em efeitos especiais e mensagens humanitárias mostrou-se uma boa fórmula para agradar aos ouvidos. Não que os ditos artifícios antes citados sejam algo proibido de se fazer, mas esta canção ilustra bem como nem sempre são necessários para uma obra - que, aliás, podem até desviar do foco principal. Apesar de a voz de Madonna ter melhorado muito desde o início, eu poderia apontá-la aqui como um possível problema. Mas no geral está ótimo.

O vídeo-clipe foi dirigido pelo francês Luc Benson (responsável por grandes filmes como a série Carga Explosiva e 13º Distrito e sua continuação, 13º Distrito - Ultimato) conta com muitos efeitos especiais e é muito bem dirigido. Excetuando algumas partes que acabando deixando exposto um pouco do seu artificialismo devido ao excesso de computadorização gráfica. Um dos vídeos mais interessantes de sua carreira, deixando para trás em vários milhas os últimos produzidos.

Um #11UK vindo da terra da Rainha.


Hung Up (Nível 3: Bom)


Bem, Madonna atestou que fazer músicas mais sérias, usando o coração, querendo passar uma mensagem, não adiantava como algo para mover sua carreira. American Life não foi tão bem quanto ela imaginava ou quanto ela (ou a gravadora) queria. O que fazer num casos destes? Simples. Dizer "dane-se" e fazer música Pop e descartável, pois dá mais dinheiro e promoção artística. No final, ela viu que este negócio de conduzir a carreira fora de polêmicas picantes não dava em nada. E então, sob esta premissa, Confessions on a Dance Floor foi concebido. Pena que outras canções boas foram usadas como escada para o sucesso do álbum. E vemos isso por este single, que sampleia o clássico "Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)", do ABBA, 1979. O que deve tirar - e muito - os méritos desta canção. O esqueleto da canção criado por Benny e Björn salvou o single da Madonna e com certeza isso deve ter irritado fãs ferrenhos do ABBA.

No geral, só dá pra dizer que a canção é boa por causa da intervenção, por assim dizer, do ABBA. Como eu já disse, os méritos da Madonna são mínimos e, se tem alguma utilidade, é de servir como um referencial - para que fãs de Madonna e o pessoal de hoje em dia que tenha ouvido isso acabe despertando algum interesse em ouvir uma banda tão interessante quanto o ABBA. Tendo sua imagem restaurada e um recorde no Guinness Book (por chegar ao topo das paradas de 45 países), Madonna deve (e muito) ao pessoal lá da Suécia.

O vídeo-clipe faz referência ao filme Embalos de Sábado à Noite (a roupa que Madonna usa) e tem também cenas com praticantes de parkour (sendo um deles Sebastien Foucan, um dos grandes referenciais do esporte).

Os Estados Unidos acharam legalzinho mas nem tanto. #7US lá e um #1UK.


Sorry (Nível 3: Bom)


Esta faixa dançante tem o mesmo detalhe de sua precursora: deve boa parte de seus méritos à outros artistas. Neste caso, a linha de baixo do single "Can You Feel It" dos Jacksons foi usada como base para este projeto. Ou seja, um pouco daquele feeling, digamos, esperançoso que a música de Michael Jackson e seus irmãos traz . É tipo "sentar nos ombros dos gigantes". A Madonna, neste caso, pulou dos ombros do ABBA para pular nos dos irmãos Jackson. Isso sim que eu chamo de fórmula para o sucesso - é como fazer tudo 2.0...

De qualquer maneira, a canção de fato agita as pistas, faz o pessoal se mexer. Cumpre bem seu papel. E ela para basicamente aqui...

Um #58US pra #1UK. Uau!


Get Together (Nível 3: Bom)


Aqui está uma das melhores canções do álbum. Num clima diferente das outras canções, num tipo mais Ambient Music com Dance e os vocais da Madonna. Apesar de acabar exagerando um pouco nos efeitos sonoros em boa parte dos momentos, está bem acima da média - pelo menos, acima de boa parte do álbum anterior. Dá pra dar uma boa agitada nas danceterias (mas, preferencialmente, algum remix ousado para melhorar a experiência).

O vídeo-clipe também abusa de efeitos e é um dos mais interessantes de sua carreira. Aliás, nos lembra um pouco o vídeo-clipe que fizeram para a música "Two of Us" dos Beatles no relançamento do álbum Let It Be, o Let It Be... Naked, de 2003. Ou seja, não foi muito original, mas ainda sim bem mais, digamos, encorpado.

Recebeu boa recepção da rainha com um #7UK e uma fria do Tio Sam com #84US.


4 Minutes (Nível 2: Muito Bom)


E a nova empreitada da Madonna baseou-se, aparentemente, numa ideia que pode ter sido considerada boa: chamar gente mais nova e nos holofotes para lhe dar uma forcinha e posar de mais atual. O resultado?

"4 Minutes" é algo bem diferente e de fato atual. Uma batida legal e um clima dançante que, apesar dos esforços anteriores, não constava no álbum anterior. Não temos nada muito conceitual aqui, o que pode ser considerado vantagem, já que o objetivo tem sido a diversão de fato. Será que Madonna ainda tem algo para dizer? Bem...

Sobre a canção ser de fato algo bom, temos um ponto para Timbaland. Aliás, Madonna recorreu ao produtor num momento certo: enquanto ele ainda tinha algum interesse. Pois agora, depois que lançou a segunda edição de Shock Value (que acabou sendo muito inferior comercialmente e, obviamente, no quesito qualidade), fez o cara ir para debaixo de alguma ponte pedir doações e sumir de vez. Como se não bastasse, junto com o produto principal sempre vem um brinde inútil. Sim, estou falando do Justin Timberlake. Outro que também sumiu (e parece que para fazer cinema - sorte de quem gosta da música, azar para quem gosta do cinema). Sua participação é apenas regular, poderia ter sido substituída por de alguém com talento de verdade até para aumentar o interesse do projeto. E outra coisa também: Se aparece mais algum Justin no mundo da música, é melhor mandar matar antes que seja tarde!

O vídeo-clipe não faz muito sentido e serve apenas para mostrar os três principais envolvidos na tela ou para mostrar que Madonna, apesar de velha, ainda está bela e formosa. O que o Photoshop e dinheiro não fazem, não é?

E, é claro: O mundo não foi salvo...

Um Top 3 garantido nos EUA com um #3US e um #1UK na Inglaterra.


Give It 2 Me (Nível 3: Bom)


A divertida "Give It 2 Me", por incrível que pareça, foi produzida pelo The Neptunes. Deve ser a lei da probabilidade: uma hora esses caras tem que acertar. E como se não bastasse, o Pharrell participou mais diretamente da peça - tão malsucedido quanto o Timberlake, pois se Justin ao menos era notado, aqui se você espirrar não nota que Pharrell está participando. Para um backvocal qualquer e na ponte sua voz é genérica demais (aliás, como sempre é). Mas mesmo assim a urgência e clima Dance não são atrapalhados.

E o vídeo-clipe é mais um que pretende mostrar Madonna em roupas mais sumárias por motivos óbvios. Não perca tempo vendo, apenas ouça. Não é tão legal quanto o single anterior, mas ainda sim é melhor do que qualquer coisa do The Neptunes...

Os Estados Unidos não foram muito com a cara, deram um #57US. A Inglaterra já foi mais receptiva, #7UK.


Miles Away (Nível 2: Muito Bom)


Esta aqui me lembrou um pouco "Don't Tell Me" e "Love Profusion" e é tão interessante quanto elas. A Madonna combina bastante com acústico, apesar de suas origens não serem tão ligadas a isto. Tenho que admitir que o trabalho de Timbaland e (duvidosamente) Timberlake foi bem unificado aqui. A canção é envolvente e Madonna mostra, mais do que nunca, que aprender direitinho como se canta, tendo uma melhora vocal muito grande com o passar dos anos - e também ela quer muito mostrar que sabe tocar violão.

Sendo a primeira canção escrita para o álbum, chegou a ser primariamente composta no piano - se tivesse sido lançada com base neste instrumento também seria muito bom. A demo caiu na net para conferência.

O vídeo usado para divulgação foi retirado da última turnê da Madonna.


Celebration (Nível 4: Aceitável)

Madonna+-+Celebration.jpg (400×400)

Já foi escrito aqui no blog um artigo individual sobre a canção "Celebration", segue o link:

AMR - Celebration (Madonna) - postado originalmente em 21 de Dezembro de 2009.


Peço mil desculpas pela imensa demora para terminar esta série. Muitas coisas aconteceram durante este ano e me tomaram realmente muito tempo. Assim que possível vou atualizando o blog. A última parte desta série será a análise das canções que foram lançadas em trilhas sonoras de filmes e outros projetos!