sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Prós/Contras Divas 6 (parte 1): Madonna

Leia também: AMR - Celebration (Madonna)

1 - Obra-Prima
2 - Muito Bom
3 - Bom
4 - Aceitável
5 - Ruim
6 - Créeuu

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Prós/Contras Edição Extra!

O assunto Madonna é um que com certeza divide a opinião de todos. Afinal, ela tem vários rótulos por aí: artista Pop perfeita, uma vadia marketeira, boa dançaria que não canta, boa cantora que não dança, enfim... Pode existir uma interpretação da persona Madonna para cada pessoa por aí.

Mas não se pode negar que ela tem uma carreira musical muito bem sucedida (não se podendo dizer o mesmo no cinema, mas isso é outro assunto). Em quase 30 anos de carreira, ela se tornou um símbolo, uma estrela Pop permanente. Claro que todos sabem que ela vendia muito mais que música e que isso ficou impregnado na sua carreira, mas isso é só uma parte da jornada de Madonna Louise Ciccone.

Como a carreira dela é relativamente extensa, terei que dividir este Prós/Contras em três partes, começando com a Era 80.


Rainha do "Pop"?

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Everybody (Nível 3: Bom)


Antes de chegar ao seu primeiro single, Madonna teve um pequeno caminho percorrido.

Ainda em 1982, Madonna, procurando um início musical, ingressa - juntamente com seu namorado na época, o baterista Steve Bray - em uma banda de Pop Rock chamada Breakfast Club. Porém, não interessada no estilo Rock, Madonna e Steve saem da banda para tentar um estilo diferenciado, como o Funk ou similares - aparentemente ela não ficou muito tempo com ele depois disso. Então Madonna gravou algumas demos e foi a luta, convencendo um DJ a tocar "Everybody" em uma danceteria, onde obteve boa aprovação do público. Logo o DJ (chamado Mark Kamins - com quem Madonna inclusive chegou a ter um caso) resolveu tentar um contrato para a Madonna com a Island Records, mas a mesma recusou a cantora. Mas eles não desistiram e tentaram a Sire Records, que gostou do trabalho de Madonna com esta faixa e, consequentemente, o lançamento oficial da canção no mês de outubro daquele ano.

"Everybody" tem a cara do Pop e Dance tradicionais dos anos 80. Um tipo de batida já longe dos anos 70 e que revela (com um tanto de modéstia, apesar do esforço) algo inovador e envolvente. O constante uso de artifícios eletrônicos (sintetizadores) deixa muito claro o envolvimento de um DJ no projeto - que nos faz lembrar até mesmo Giorgio Moroder, com alguma coisinha do que ele já produziu da Donna summer. Isso pode ser um bom referencial ou não, varia muito. Acabamos sentindo um gostinho de plástico no final.

No final das contas, a voz da Madonna aqui serve mais como instrumento comercial de uma faixa bem variada e diversificadamente produzida. O que significa que era necessário uma voz para o projeto, independente de qual fosse, para tornar a canção comercialmente viável - instrumentais não iriam fazer muito sucesso. Lembra bastante o grupo de Disco Music, Silver Convention, que era um projeto muito bem produzido e trabalhado, que contratou três cantoras para dar uma cara para a banda. A diferença é que as cantoras deste grupo eram vocalmente superiores.

Detalhe: a canção era vendida como um projeto afro-americano, ou seja, de artista negro - devido suas influências (esparsas, na minha opinião) no R&B. Isso tudo até o lançamento do vídeo-clipe, mostrando uma artista branca e loira (?).

Conseguiu um #107US, porém, nas pistas de dança foi bem melhor, com um #3 no Hot Dance Club Songs (o chart das pistas de dança).


Holiday (Nível 2: Muito Bom)


Após o considerável sucesso nas pistas de dança, Madonna ainda não tinha músicas o suficiente para um álbum (sequer para um EP, se pensarmos bem), logo teve que correr atrás para preencher um velho disco de vinil inteiro. Foi aí então que, dentre as canções, o produtor John Benitez apareceu com a faixa "Holiday" (escrita por membros da banda Pure Energy), pois ele achava que o álbum precisava de um legítimo hit. Benitez acertou em cheio, pois este é sem dúvida o single com maior potencial do álbum.

"Holiday" segue a linha de produção caprichada, cheia de instrumentos bem trabalhados. A diferença é que esta aqui é bem mais linear que "Everybody", deixando de ser menos um hit Pop descartável pra ter algum real valor. Dá pra perceber que os sintetizadores aqui não soam tão inadequados, enjoativos - até mesmo um solinho de piano está presente na faixa! A voz da Madonna nesta época continua sendo o menor atrativo da coisa, mas pelo menos acaba por não mais parecer um mero veículo para produtores aparecidos. Já tentaram imaginar se o Duran Duran tentasse, no começo da carreira, tocar R&B? "Holiday" chegaria bem perto do que isso viria a ser.

Resultado: #16US e um #2UK! Fora o #1 no Hot Dance Club Songs.


Borderline (Nível 2: Muito Bom)


"Borderline" foi o último single do álbum de estréia. Para esta canção, foi chamado o produtor Reggie Lucas (que produziu a ótima "Never Knew Love Like This Before" da cantora Stephanie Mills), que também escreveu a canção. Dá pra ver um certo esmero de Lucas na produção aqui. Não só dele, mas até mesmo dos vocais da Madonna - que até o momento são os mais trabalhados e dedicados. O gozado é que apesar do clima bem Pop que permeia o álbum, dá pra sentir uma pontinha de melancolia, algo mais sentimental na melodia. Este é o melhor single, artisticamente falando.

Mas nem tudo foi 100% nas gravações. Reggie introduzindo um projeto seu no álbum da Madonna, fez a coisa toda como bem entendeu, sem considerar qualquer desejo ou ideia dela a respeito. No final das contas, ele saiu fora e ela chamou o John Benitez para remixar a faixa de uma maneira mais próxima do que ela queria que fosse.

Um #10US (apesar de ter merecido mais) e um merecido #2UK.


Like a Virgin (Nível 4: Aceitável)


Madonna estava afim de se consolidar definitivamente no mundo da música. Então era a hora de chamar gente mais entendida do assunto música para produzir seus trabalhos. Porém, ela resolveu ser uma das produtoras, afim de ter uma proximidade maior com seu trabalho. No final das contas, o lendários músico e produtor, Nile Rodgers (da banda Chic) tomou frente, tendo o Stephen Bray como co-produtor - não sei onde a Madonna se encaixou aqui. Nile contou com a ajuda de Bernard Edwards e Tony Thompson, baixista e bateria do Chic, respectivamente.

O fato é que "Like a Virgin", o single, teve a produção exclusiva de Rodgers (sem o dedo de Bray). E o que dizer do produtor que já produziu trabalhos de artistas como David Bowie, Diana Ross, Duran Duran, Grace Jones e até uma canção para a trilha-sonora do filme Soup For One, "Why", cantada por Carly Simon? Uma bela derrapada. Apesar de ser um pouco mais comercial que os singles anteriores, este acaba sendo um trabalho fraco, mas que foi (e ainda é) muito cultuado pelo mundo. Nile achava que esta canção não era adequada para a Madonna e nisso acertou em cheio - se bem que nem pra ser instrumental essa faixa serve.

Com um vocal muito fraco e limitado - que contribui para o clima sintético do projeto -, Madonna possivelmente deve muito do sucesso desta canção aos compositores Billy Steinberg e Tom Kelly, autores da frase "como uma virgem tocada pela primeira vez". Isso define bem vários aspectos do que viria a ser a carreira da Madonna.

Obs: A canção foi escolhida como fundo para a palhaçada do beijo lésbico realizada em 2003 no MTV Video Music Awards pela própria Madonna, juntamente com Britney Spears e Christina Aguilera. Bem, Madonna precisava levantar as vendas de seu American Life (seu álbum de mais fraca vendagem) e Britney Spears precisava sair do buraco no qual estava enfiada antes que esquecessem sequer de como se pronuncia seu nome. E a Aguilera? Bem, nada surpreendente vindo dela, ela estava ainda na fase Stripped parte 1...

Em três palavras: Ridículo, imbecil e desnecessário.

Um desmerecido #1US e #3UK...


Material Girl (Nível 4: Aceitável)


Inevitável imaginar o Simon Le Bon do Duran Duran cantando isso aqui. Ou seja, esta faixa mais parece New Wave, Synthpop do que um Pop propriamente dito. Outra canção que representa bem boa parte do histórico musical do anos 80, "Material Girl" fala sobre isso mesmo: a experiência de Madonna com o mundo materialista - afinal, a moçoila já estava começando a faturar e, sendo uma mulher, você já deve imaginar...

É uma música agitada bem interessante, e melhor (bem melhor) que a "Like a Virgin" - não dá pra afirmar se é bom ou ruim ela não ter enveredado para o lado New Wave de forma efetiva, tipo uma Cyndi Lauper menos exótica. Porém fica abaixo da média, principalmente se a compararmos com "Borderline". Mesmo assim, é uma das canções que lembram a Madonna, uma canção-símbolo de sua carreira.

Temos que considerar que se "Material Girl" conseguiu um "lugar ao sol", dois artistas em questão merecem seus nomes citados nos créditos: Melissa Manchester e os Jacksons. Pois muita coisa foi chupinhada de "You Should Hear How She Talks About You" da Melissa e a linha de baixo foi tirada basicamente de "Can You Feel It" dos irmãos Jacksons, do álbum Triumph, escrita por Michael e seu irmão Jackie. Detalhe: isso viria a acontecer mais tarde com a mesma canção dos Jacksons. Fora que daria até pra citar "White Rabbit" do Jefferson Airplane, mas deixa pra lá.

Um #2US e um #3UK - que deveriam ser repartidos com Melissa Manchester e os Jacksons...



Into The Groove (Nível 3: Bom)


A dançante e envolvente "Into The Groove" é, sem dúvidas, o single mais interessante do álbum Like a Virgin. Claro que considerando o nível de produção um tanto escasso e repetitivo, "Into The Groove" não é lá a melhor coisa da carreira da Madonna, mas ainda sim é o que se pôde tirar de mais criativo deste álbum. Resumindo brevemente, "Into The Groove" é a "Borderline" do álbum: é um pouco mais construída e elaborada que o restante, sempre acompanhando o resultado final do conjuto/álbum.

A crítica na época aclamou este lançamento, possivelmente o primeiro realmente relevante para o público exigente daquela época. A própria Madonna assina a composição e produção da faixa, juntamente com Steve Bray. Um belo acerto por parte da moçoila, diga-se de passagem. Tanto é que a canção já foi utilizada posteriormente, no caso, pela cantora Dannii Minogue - a irmã mais nova de Kylie -, que juntou esta faixa com a sua "Don't Wanna Lose This Feeling". A própria Madonna relançou a faixa como "Into The Hollywood Groove", em 2003, com a participação da Missy Elliot. Esta versão é um remix, que tem ainda o então recente single "Hollywood".

A canção não foi lançada nos Estados Unidos, onde foi escolhida a canção "Angel" - tendo "Into The Groove" como lado B. Já na Inglaterra foi um sucesso, com um #1UK.


Live to Tell (Nível 2: Muito Bom)


Na época do álbum True Blue, Madonna estava casada com o ator duas vezes vencedor do Oscar Sean Penn - aliás, o álbum foi dedicado a ele. E a relação com a canção "Live to Tell" tem aqui é a seguinte:

Patrick Leonard - músico e compositor - escreveu essa canção para o filme Brincando com Fogo, de 1986. Porém, a canção foi rejeitada pela Paramount, o que fez Leonard oferecer a música para outro fim, e no caso o artista escolhido foi a Madonna. E no final das contas, por sugestão dela, a canção foi parar no filme Caminhos Violentos, estrelado por Sean Penn. Aliás, o diretor James Foley gostou tanto do resultado que acabou chamando Patrick para compor a trilha-sonora do filme inteiro. A canção é de fato a primeira balada romântica da Madonna, um trabalho muito bonito. E com o reforço de Patrick - que viria a trabalhar com ela várias vezes no futuro - ajudou a tornar o projeto um sucesso (tanto de crítica quanto de vendas). Apesar de alguns elementos característicos dos anos 80, a faixa até parece um tanto moderna para a época - eu, com esparsos conhecimentos sobre Madonna, até imaginei que fosse um single lançado nos anos 90.

Possivelmente um pouco mais de empenho vocal aqui tornaria a faixa simplesmente inesquecível (problema constante para a dona Madonna). Mesmo assim, a canção foi muito cultuada, sendo cantada e refeita por vários artistas por aí - incluindo até mesmo versões Dance! Uma ótima balada, mas Madonna ainda tem coisa melhor no estilo por vir...

Na Confessions Tour, Madonna - como sempre - arranjou motivo para polêmica, cantando a canção com um coroa de espinhos numa cruz feita de espelhos.

Um grande #1US e um na trave, #2Uk.


Papa Don't Preach (Nível 4: Aceitável)


"Papa Don't Preach" marca uma "turbinada" na produção dos trabalhos da Madonna. Que tal violinos - uma coisa mais suntuosa, mais séria. E a produção neste caso ficou por conta da Madonna com o Steve Bray de novo! Os dois estavam pensando em vôos mais altos e ousados desta vez. Pena que esta fase de sua carreira ainda era um tanto limitada - ou seja, neste caso, voar alto significou bater a cabeça no teto.

Os vocais da Madonna parece um tanto sofridos aqui, mas não porque queriam que assim soasse - simplesmente não foi notado. Infelizmente, esta música lembra parte do que foi Like a Virgin, ou seja, algo no mínimo "meia-boca". Obviamente a letra relacionada a gravidez na adolescência e aborto causou bastante polêmica na época, do jeito que a gravadora queria para jogar os holofortes sobre a artista. A esta altura, Madonna já estava lá no alto, havia participado do Live Aid e colecionava algumas posições boas nas paradas. Mas "Papa Don't Preach" é comum e óbvia demais para receber algum mérito maior do que o de estar no lugar certo na hora certa com o tema certo.

Obs: Um detalhe interessante é a participação da até então desconhecida Siedah Garrett no backing vocal. Garrett ficou conhecida pela seu dueto com Michael Jackson em "I Just Can't Stop Loving You" e por escrever a famosa canção "Man In The Mirror", ambas para o mesmo álbum, Bad, de 1987. Fora que Fred Zarr, músico e produtor que já trabalhou com Debbie Gibson, Samantha Fox e produziu o "último hit" de Eartha Kitt - "Where Is My Man", trabalha como músico nesta faixa.

Um arrebatador porém exagerado #1US e #1UK.


Open Your Heart (Nível 5: Ruim)


Bem, taí uma faixa relativamente dispensável, típica de lado B que acabou dando certo como lado A de single. Canções do tipo "enche-linguiça", que lembra bastante a "Lucky Star" do primeiro álbum, sendo aliás, bem inferior a ela. Alguns críticos a compararam com Belinda Carlisle (da famosa "Heaven Is a Place on Earth"), mas isso poderia ser encarado mais como uma espécie de crítica desconstrutiva para Carlisle do que outra coisa.

O produtor Patrick Leonard fez um ótimo trabalho em "Live to Tell", mas derrapou legal aqui - parece que ele se empolgou demais. Foi criada uma canção de plástico com gosto sintético que caiu bem nas graças do público (mistérios da vida). E para este projeto foram chamados músicos como o falecido guitarrista David Williams (que já trabalhou com Michael Jackson, Genesis, Boz Scaggs, Paul McCartney, Whitney Houston e muitos outros) e o percursionista brasileiro Paulinho da Costa (famoso e renomado músico que já trabalhou com inúmeros artistas importantes - podemos citar Michael Jackson, Celine Dion e Peter Cetera). E obviamente não dá pra pôr a culpa do resultado final neles...

Temos então um #1US e um #4UK que poderia ter sido algo para cima de #8 em ambos os casos.


La Isla Bonita (Nível 2: Muito Bom)


Apesar de pérolas como "Live to Tell" e a seguinte "Like a Prayer", o cargo de melhor canção da Madonna (pelo menos vinda dos anos 80) fica para "La Isla Bonita". Projeto este, aliás, que tem uma pequena história por trás.

Patrick Leonard e Bruce Gaitsch (conhecido por trabalhar com o Chicago e a carreira solo de Peter Cetera, dentre outros) escreveram uma canção sobre uma ilha espanhola chamada San Pedro e a intitularam "La Isla Bonita". A canção então foi oferecida para um cantor bem famoso... Michael Jackson! Que acabou não aceitando a música, aparentemente por não gostar - e realmente esta canção foi sabiamente rejeitada por Jackson, pois nada tinha a ver com o clima do álbum Bad - que indiretamente, acabou tendo uma canção cantada em espanhol por Jackson e Siedah Garrett, uma versão para "I Just Can't Stop Loving You" chamada "Todo Mi Amor Eres Tu". Madonna então re-escreveu e gravou sua versão para este projeto que logo se tornou mais um clássico em sua carreira.

Madonna se deu bem com este clima latino, o clássico violão, a batida e etc. "La Isla Bonita" e a canção "Spanish Eyes", do álbum, são suas primeiras canções com influência espanhola - acredito que Madonna tenha ficado tão satisfeita com o resultado de "La Isla Bonita" que resolveu se esmerar na coisa e produziu a ótima "Spanish Eyes", que infelizmente não foi lançada como single.

Acabou não indo 100% nos EUA, #4US, porém foi bem aceita na Inglaterra, #1UK.


Like a Prayer (Nível 2: Muito Bom)


Não sei dizer se no caso de "Like a Prayer" Madonna teve sua melhor e maior (e até agora única) perfomance vocal ou se o clima emocionante da canção nos remete a isso. O fato é que a produção desempenhada pela Madonna e (novamente) Patrick Leonard fizeram desta canção a mais bela de sua carreira até o momento (superando "Live to Tell"). Aliás, ela é até mais, digamos, dedicada que ela.

A canção tem até coral, o que reforça ainda mais o cunho emocional (algo mais Gospel). Podemos até chamar esta de Power Ballad (só faltava uma guitarra e um vocalista de Glam Rock se esgoelando), tão bonita e forte quanto uma deve ser. Não dá nem pra lembrar de canções como "Material Girl" e "Into The Groove" - parece uma outra Madonna, outra fase de várias.

Como não poderia deixar de ser, é o single de maior sucesso de sua carreira, com 5 milhões de cópias vendidas. 5 milhões merecidos, aliás. O controverso vídeo-clipe contém cruzes pegando fogo e estigmas - do jeitinho que a Madonna gosta, para chamar o máximo de holofortes.

Merecidíssimos #1US e #1UK.


Express Yourself (Nível 5: Ruim)


Um clima de festa pra lá de descontraído. Basicamente é assim que se resume "Express Yourself". Esta canção parece muito com a Madonna do comecinho da carreira, como se ela muito mais Pop do que soou em single como "Everybody" - se bem que este single era o que se tinha de menos Pop daquela época.

Novamente Stephen Bray e Madonna tomam conta do controle criativo do projeto, fazendo desta faixa algo diferente - mas não necessariamente bom. Ela parece uma daquelas canções bem alegres feitas para comemorar e espalhar o clima festivo pelos lugares (bom exemplo: "Celebration", do Kool & The Gang). Talvez uma batida mais Synthpop desse um jeito nesta música, evitando de parecer tão boba. No final das contas acaba sendo bem enjoativa.

O vídeo-clipe feito para ela foi, até o momento, o mais caro já produziu - custo total de 5 milhões!! Atualmente ocupa a terceira posição no ranking (somente atrás de "Scream", de Michael Jackson e seu próprio "Die Another Day", de 2002). E mostra a Madonna vestida como um homem - se tivesse um bigode, talvez o custo do vídeo aumentasse para 5 milhões e 50 centavos, enfim...

Um exagerado #2US e um talvez adequado #5UK.


Oh Father (Nível 3: Bom)


"Oh Father" já tem aquele padrão Patrick Leonard de produção. Pode não ser aquele nível altamente emocional de canções como "Like a Prayer", mas consegue ser bonita e bem consistente. Com seus violinos e clima de corte francesa de séculos atrás, se sai muito bem no quesito "diferente" e "interessante". Apesar dos vocais da Madonna estarem a mesma coisa de sempre, aqui soam mais adequados.

Na Inglaterra, este projeto só foi lançado oficialmente em 1995, em sua coletânea de baladas românticas Something to Remember - que cometeu uma bela injustiça com o mundo ao lançar, em sua versão especial japonesa, a canção "La Isla Bonita".

A canção é boa, mas o que me chama mais a atenção, que merecia mais destaque e talvez até ser um single, em minha opinião, é o lado B do single que foi lançado na Inglaterra, "(Pray For) Spanish Eyes", uma linda canção ao estilo latino - a la "La Isla Bonita". Um dos projetos onde Madonna canta em outra língua.

Um #20US e um #16UK que poderiam ser um #10 para cada um pelo menos.


Keep It Together (Nível 3: Bom)


Apesar de ser um single lançado já na década de 90, inclui aqui porque pertence ao álbum Like a Prayer, que foi produzido nos anos 80.

Taí um single que tinha bem a cara do Nile Rodgers e que possivelmente seria infinitamente melhor se tivesse sido produzido pelo mesmo. "Keep It Together" tem uma pegada mais Funk, bem diferente bem alguns Pops sintéticos que já permearam a carreira da Madonna. Aqui Madonna canta que "quer ser diferente" - e de fato conseguiu, pelo menos, soar diferente do que geralmente se espera dela.

Ouvindo esta canção, dá pra dizer que Stephen Bray tentou se tornar uma espécie de Nile com algumas centenas de quilos de talento a menos no quesito. Apesar de ser um single interessante, o Funk aqui soa meio ultrapassado, gasto. Ainda insisto que Rodgers teria feito um trabalho mais significativo.

Conseguiu um #8US e foi isso.


Em breve teremos a Parte 2: Madonna e os Anos 90.