domingo, 6 de dezembro de 2009

AMR - Desastres do “Pop” 2: London Bridge

Stacy Ferguson, vulgo Fergie. Acho que todos aqui conhecem o amuleto da sorte do grupo The Black Eyed Peas (se pergunta o por quê de amuleto né? Bem, você se lembra de algo destes caras antes da Fergie se juntar a eles? Antes dela eles só fazia um hip hop tão underground que só devia ser ouvido por gnomos em algum lugar dentro do planeta Terra, tipo próximo ao núcleo…).

Além de alguns trabalhos interessantes com seu grupo (excluindo coisas do nível de “My Humps“, claro), ela tem em seu curriculum trabalhos como “Big Girls Don’t Cry” e “Glamorous” (que infelizmente tem a participação do Ludacris), vindos do seu álbum de estréia, “The Dutchess“. Mas como nada é perfeito, Fergie, juntamente com o produtor Polow da Don (que paradoxalmente produziu “Glamorous“) acabaram “cagando” (não poderia haver termo melhor para este caso) a “canção” “London Bridge“. Que é o alvo da resenha de hoje…



Essa sim deveria ser a “Ponte do Rio que Cai”. Tão constrangedor quanto…

|Merecidamente, a “caquinha” aqui não recebeu indicações ao Grammy, apesar de ter vendido inacreditáveis 2 milhões de cópias… bem, quem foi que disse que mal gosto não é contagioso?|

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Stacy Ann Ferguson nasceu nos Estados Unidos da América em 27 de março de 1975 e já se meteu em poucas e boas antes da fama. Teve envolvimento com drogas e já teve até uma arma apontada para sua cabeça… Também teve um grupo chamado Wild Orchid, que liderou por 10 anos.

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Sou obrigado a repetir uma pergunta: Quem gosta de gritos? Ainda mais em música? Aqui isso acontece de novo – esse povo gosta de berreiro, impressionante! Pelo menos, o que gritam aqui corresponde bem à qualidade da canção: pode se ouvir no começo da música e ao longo dela gritos de “oh shit!”. Do tipo “vamos entregar logo do que se trata…”.

Imagina só você pegar uma panela de pressão, uma buzina de bicicleta e um botijão de gás. Agora fique batendo um no outro, grave esse som e bota a Fergie pra cantar por cima. Acho que “London Bridge” pode ser resumida desta maneira.


Pra se ter uma idéia, até o 50 Cent resolveu meter o nariz aqui e fazer um remix da música. Aliás, a música contém samples da canção “Down To The Nightclub” do grupo de funk/soul Tower of Power. O que talvez signifique que a ruindade da música não deve ser despejada somente em Fergie e Polow…

London Bridge” chegou a ter várias comparações com “Hollaback Girl” da Gwen Stefani. Talvez pelas batidas de fundo. De qualquer maneira, se for comparar as duas, “Hollaback Girl” se torna um clássico, mesmo de longe não sendo a melhor canção de Gwen Stefani.


Enfim, depois ela acabou se redimindo lançando singles melhores e promissores. Esperamos que continue assim!

Vídeo da canção:

Quick - Lady GaGa Oops

A gaguíssima foi avistada em Londres fazendo um test-drive dos seus trajes natalinos :



Especial - Fearless (Taylor Swift)



Detalhe importante : a análise se dará em cima da versão PLATINUM do CD – contendo, portanto, 19 canções.

Quem é Taylor Swift? Se sabemos de algo sobre a cantora, sabemos o seguinte : sucesso absoluto em 2008 e 2009, foi nomeada a 69 prêmios em seu curto tempo de carreira – desbancando nomes como Beyoncé, Lady GaGa e até mesmo Michael Jackson – levando para casa 40 destes. O que pode ter levado a tamanho sucesso? Parte da resposta pode talvez estar no álbum Fearless. E, claro, na máfia adolescente que a acompanha desde seu lançamento comercial.

2° álbum de estúdio de Swift, Fearless é teoricamente country – mas é só ouvir a primeira faixa do CD para perceber que o country puro não existe mais. Shania Twain e Faith Hill deram muito suor – e umbigos de fora – para que fosse assim, e o resultado do esforço repercute até hoje. Indo um pouco mais longe, chega a ser semelhante aos trabalhos de Miley Cyrus/Hannah Montana : é puro teen pop – ou country teen pop, sei lá. E, posto isso, estranho a longa lista de premiações : o que teria levado um trabalho tão “comum” a levar tantos prêmios assim? Comum sim, pois quantas Spice Girls, Britney Spears, Backstreet Boys não cantaram sobre adolescentismos – que são os grande temas do álbum – e não levaram tantos prêmios pra casa? Será que transcender um tema comum para um estilo musical “menor” tem tanto valor assim?

Se Taylor falasse de um homem em cada canção, teríamos 19 exemplares destes bem aqui. O grande hino do álbum é esse : o amor – adolescente, mais especificamente. A simplicidade das letras é, em certos momentos, agradável e emocionante, como na faixa Fifteen, em que ela diz :


‘Cause when you’re fifteen
And somebody tells you they love you
You’re gonna believe them

Mas não se enganem : como vocês devem imaginar, tanto pop chiclete uma hora dá nos nervos. A impressão que temos é que Taylor volta aos 15 anos para escrever ou coescrever 13 das 19 letras do CD e isso tem dois significados diferentes pra quem vai escutar o trabalho : para quem está na faixa dos 15 anos, é um retrato perfeito dos sentimentos de garotas apaixonadas; para quem está abaixo ou acima dessa faixa etária, é como ouvir sua irmã mais nova dar xilique com os pais ou ver aquela sobrinha adolescente sem experiência alguma achando que vai casar com o namoradinho da escola.

Além das letras, o arranjo : é como assistir àqueles desenhos antigos, em que, quando os personagens estão correndo, o cenário de fundo se repete infindavelmente. Praticamente todas as músicas têm o mesmo bendito arranjo; um violãozinho, um banjo de vez em quando e os violinos típicos da música country; estes mesmo que de forma disfarçada. O que dá o mínimo tom de diferença entre as canções é a construção da melodia feita pela voz de Taylor – que possui um timbre bem sereno e bonito (quem sabe se um dia sua carreira for por água abaixo ela não consiga um bico naqueles CDs de meditação?). Talvez por causa do círculo vicioso da composição do CD, tenha sido lançada uma segunda versão de Love Story que contém – segurem-se em suas cadeiras – UMA GUITARRA! Angus Young deve ter ficado orgulhoso nesse momento!

A voz e a beleza de Taylor e a falta de pretensão aparente das canções, em contrapartida, causam um certo fascínio : é como se a cantora estivesse musicalizando uma espécie de diário, num mundo encantado, só a fim de compartilhá-lo com quem queira lê-lo. Talvez tamanha sinceridade seja uma das chaves para o sucesso do CD; não é todo dia que alguém pode fazer o que quiser nos primeiros álbuns da carreira; apesar de que apostar em temas adolescentes é sempre receita de sucesso. Por exemplo : Rihanna aparentemente só pôde mudar de estilo musical e visual nos últimos tempos. Se bem que eu não me espantaria se Taylor começasse a mostrar as coxas no próximo videoclipe – aconteceu com Britney, não?

De modo geral, os destaques do álbum (ou seja, canções em que Taylor consegue remendar o dano do arranjo com variações vocais) são : Hey Stephen, Jump Then Fall, The Other Side Of The Door, Fifteen, Love Story e You Belong With Me – agradáveis de se ouvir, mas não muito viciantes. É um bom exemplo de trabalho morno : não destacou-se muito, mas também não caiu na irrelevância completa. Dito isso, espero que a cantora abandone o fofuxismo de Fearless no próximo álbum – pois, afinal, o CD já é um tratado perfeito sobre o assunto.