domingo, 6 de dezembro de 2009

Especial - Fearless (Taylor Swift)



Detalhe importante : a análise se dará em cima da versão PLATINUM do CD – contendo, portanto, 19 canções.

Quem é Taylor Swift? Se sabemos de algo sobre a cantora, sabemos o seguinte : sucesso absoluto em 2008 e 2009, foi nomeada a 69 prêmios em seu curto tempo de carreira – desbancando nomes como Beyoncé, Lady GaGa e até mesmo Michael Jackson – levando para casa 40 destes. O que pode ter levado a tamanho sucesso? Parte da resposta pode talvez estar no álbum Fearless. E, claro, na máfia adolescente que a acompanha desde seu lançamento comercial.

2° álbum de estúdio de Swift, Fearless é teoricamente country – mas é só ouvir a primeira faixa do CD para perceber que o country puro não existe mais. Shania Twain e Faith Hill deram muito suor – e umbigos de fora – para que fosse assim, e o resultado do esforço repercute até hoje. Indo um pouco mais longe, chega a ser semelhante aos trabalhos de Miley Cyrus/Hannah Montana : é puro teen pop – ou country teen pop, sei lá. E, posto isso, estranho a longa lista de premiações : o que teria levado um trabalho tão “comum” a levar tantos prêmios assim? Comum sim, pois quantas Spice Girls, Britney Spears, Backstreet Boys não cantaram sobre adolescentismos – que são os grande temas do álbum – e não levaram tantos prêmios pra casa? Será que transcender um tema comum para um estilo musical “menor” tem tanto valor assim?

Se Taylor falasse de um homem em cada canção, teríamos 19 exemplares destes bem aqui. O grande hino do álbum é esse : o amor – adolescente, mais especificamente. A simplicidade das letras é, em certos momentos, agradável e emocionante, como na faixa Fifteen, em que ela diz :


‘Cause when you’re fifteen
And somebody tells you they love you
You’re gonna believe them

Mas não se enganem : como vocês devem imaginar, tanto pop chiclete uma hora dá nos nervos. A impressão que temos é que Taylor volta aos 15 anos para escrever ou coescrever 13 das 19 letras do CD e isso tem dois significados diferentes pra quem vai escutar o trabalho : para quem está na faixa dos 15 anos, é um retrato perfeito dos sentimentos de garotas apaixonadas; para quem está abaixo ou acima dessa faixa etária, é como ouvir sua irmã mais nova dar xilique com os pais ou ver aquela sobrinha adolescente sem experiência alguma achando que vai casar com o namoradinho da escola.

Além das letras, o arranjo : é como assistir àqueles desenhos antigos, em que, quando os personagens estão correndo, o cenário de fundo se repete infindavelmente. Praticamente todas as músicas têm o mesmo bendito arranjo; um violãozinho, um banjo de vez em quando e os violinos típicos da música country; estes mesmo que de forma disfarçada. O que dá o mínimo tom de diferença entre as canções é a construção da melodia feita pela voz de Taylor – que possui um timbre bem sereno e bonito (quem sabe se um dia sua carreira for por água abaixo ela não consiga um bico naqueles CDs de meditação?). Talvez por causa do círculo vicioso da composição do CD, tenha sido lançada uma segunda versão de Love Story que contém – segurem-se em suas cadeiras – UMA GUITARRA! Angus Young deve ter ficado orgulhoso nesse momento!

A voz e a beleza de Taylor e a falta de pretensão aparente das canções, em contrapartida, causam um certo fascínio : é como se a cantora estivesse musicalizando uma espécie de diário, num mundo encantado, só a fim de compartilhá-lo com quem queira lê-lo. Talvez tamanha sinceridade seja uma das chaves para o sucesso do CD; não é todo dia que alguém pode fazer o que quiser nos primeiros álbuns da carreira; apesar de que apostar em temas adolescentes é sempre receita de sucesso. Por exemplo : Rihanna aparentemente só pôde mudar de estilo musical e visual nos últimos tempos. Se bem que eu não me espantaria se Taylor começasse a mostrar as coxas no próximo videoclipe – aconteceu com Britney, não?

De modo geral, os destaques do álbum (ou seja, canções em que Taylor consegue remendar o dano do arranjo com variações vocais) são : Hey Stephen, Jump Then Fall, The Other Side Of The Door, Fifteen, Love Story e You Belong With Me – agradáveis de se ouvir, mas não muito viciantes. É um bom exemplo de trabalho morno : não destacou-se muito, mas também não caiu na irrelevância completa. Dito isso, espero que a cantora abandone o fofuxismo de Fearless no próximo álbum – pois, afinal, o CD já é um tratado perfeito sobre o assunto.

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