quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AMR - T.H.E. (The Hardest Ever) (Will.I.Am)

Análise: Primeiro single do álbum #willpower, do membro do Black Eyed Peas, Will.I.Am. Lançado em Novembro, alcançou #36US.



T.H.E.F.U.C.K.

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Primeiramente eu gostaria de saber uma coisa: por que, de uma hora para a outra, a atual geração musical passou a sentir a necessidade de pagar tributo ao Mick Jagger? Não que o vocalista dos Rolling Stones seja alguém indigno de tal homenagem, mas é de se estranhar tal ato repentino. O Maroon 5 lançou um single falando sobre o rock star, agora o líder do The Black Eyed Peas, Will.I.Am, chamou Jagger para um projeto. Dinheiro emprestado? Ou prestígio emprestado? Vai saber...

William (cara, é muito chato escrever o nome artístico dele) resolveu retomar sua carreira solo que, surpreendentemente tem quatro álbuns na bagagem (os dois primeiros devem ter sido lançados apenas em Nova Guiné e no Cazaquistão). O último, Songs About Girls, teve o divertido single "I Got It from My Mama" e uma canção ("Impatient") que serviu de sample para o sucesso de Estelle e Kanye West, a ótima "American Boy". Em resumo, o último álbum de 2007 não foi de todo o ruim. Na verdade, apenas estes foram os legítimos destaques...



Como a canção tem a participação de três cantores, vou dividir a coisa desta maneira. Começando pelo artista principal, William.

William



A coisa toda começa mal quando ouvimos aquela voz de robô com problemas de equalização. Traduzindo: a voz de William sintetizada e filtrada pelo auto-tune, como numa tentativa de fazê-lo cantar melhor. Não só ele não vai cantar melhor como o que ele faz é recitar Rap, e não cantar. Mas como se ele acabasse se tocando disso, resolve voltar para seu "canto" normal. E em resumo temos um o rap de sempre dele, redondinho e sem nenhum destaque. Possivelmente o destaque estava sendo propositalmente desviado para os convidados (e com razão). Quem já teve a coragem e paciência de ouvir os dois últimos projetos do Timbaland sabe do que estou falando...

Jennifez Lopez



Eu acredito que são poucos os motivos que sustentam a participação da chamada J-Lo aqui. Primeiro, obviamente, o apelo sensual de uma bela mulher. Não que isso seja algo difícil ou raro de se encontrar, claro. Segundo, como a Christina Aguilera já havia sido ocupada pelo Maroon 5, não ia dar muito certo encaixa-la aqui. Como J-Lo acabou saindo um pouquinho do buraco com "On The Floor", conseguindo um certo destaque. Resumindo a coisa toda, a participação dela (vocal mesmo) é bem limitada e encoberta por efeitos sonoros na canção. Ficou meio apagada...

Mick Jagger



No momento em que Jagger entra em ação, a canção muda de atmosfera, parecendo até uma influência roqueira de Mick sobre a coisa toda. Não considero Mick Jagger um grande vocalista, mas no caso ele foi o que se saiu melhor dentre os três. O poder da sua voz neste projeto ofuscou J-Lo e William. No final das contas, ele mostrou que tempo de experiência realmente conta...

A canção em si passa a maior parte do tempo num Hip-Hop comum e meio banal. Só fica um pouco melhor lá pelo final, coincidentemente na parte do Jagger. E considerando que quatro pessoas meteram a mão na produção da faixa (William sendo um deles), podemos dividir a culpa e distribuí-la bem...

O vídeo-clipe é interessante e tem uma fotografia e efeitos visuais muito bons. Além, eu enxerguei uma grande metáfora em cima do vídeo. Na ordem: atravessar barreiras (William atravessando e pulando muros e painéis), a evolução (a pé, de bicicleta, de moto...), desviando das tentações (os painéis com a J-Lo e William desviando), a ascensão (o foguete indo para o espaço) e por último, o encontro com deus (Mick Jagger) terminando aparentemente num Big Bang. É, profundo...

William foi muito mais pretensioso aqui do que nos seus projetos solos anteriores. A pretensão atualmente dominante nos projetos do BEP também passaram por aqui. Isso não é bom, nada bom. Talvez seja a hora de voltar para o Brasil, filmar alguma coisa engraçadinha com uma base mais divertida. É mais lucro!