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sábado, 23 de julho de 2011

Especial - Amy Winehouse

Amy Winehouse & Eu

O lendário guitarrista Jimi Hendrix, que era um potencial rival de Eric Clapton, morreu com 27 anos de idade. A cantora Janis Joplin, tremenda transgressora de sua época, também morreu com 27 anos. O vocalista da banda de Rock Psicodélico Jim Morrison, teve seu fim com 27 anos.

Amy Winehouse faleceu com 27 anos.


Eu tive, de uma certa maneira, uma história com Amy. E durante esta tarde, resolvi colocar no papel. Aqui vai...


Sempre fui um cabeça-dura se tratando de música. Talvez porque o atual nível musical está em condições, digamos, depressivas ou minha exigência tenha tornado-se maior. O fato é que além da cabeça ser dura, era fechada. Bem fechada, aliás. Digamos que eu tenha uma trava de segurança musical. E ela funciona às vezes de maneira um tanto injusta. E uma das vítimas dela - dentre bandas como Fall Out Boy e artistas como Madonna - foi Amy Winehouse. A principal vítima.

A primeira vez que ouvi este nome, eu estava sintonizado (sabe-se lá o motivo) na MTV. E a VJ Luíza apresentava um programa de notícias e variedades musicais. Ela citou uma cantora que estava sendo a nova onda do momento na Inglaterra. Logo imaginei qualquer coisa dentro de um âmbito musical qualquer (coisa semelhantes a projetos musicais malucos como The Ting Tings e, até mesmo, Paramore). Mas confesso que, não sei se pelo fato de alguém da MTV estar se referindo àquela cantora de maneira positiva ou por ser algo surgido no novo milênio, não senti firmeza na chamada. E no que vi na tela da TV em seguida então! Nem se fala...


A figura estava em um palco pequeno, com uma platéia pequena, com músicos bem vestidos e ambiente bem iluminado. Ela usava um vestido colorido, um bizarro cabelo em formato de colmeia, olhos muito pintados e um piercing no rosto. A imagem de Amy Winehouse não me impressionou ou me causou grande efeito - seja positivo ou negativo. Mas o que ouvi vindo dela e dos músicos, sim, me fez me importar: achei simplório demais, ultrapassado e antiquado. Fora que senti dela um clima estranho, de tédio. No fina das contas, eu reforcei minha crença de que o Jazz estava morto, e por um bom motivo. (Não tenho certeza, mas acredito que a canção que ela apresentou na ocasião não era nenhuma do seu álbum de estréia, Frank, nem de Back to Black, que ainda não havia sido lançado.)

Após isso, sempre pensei e me referi a ela com certo desdém. Ela representava para mim algo como um mero revival profundamente nostálgico e dispensável. Apesar de que, naquela época, eu não era lá tão eclético. Mas, ainda sim, eu considerava Winehouse algo bem longe das minhas idealizações musicais. Ela era pra mim como um objeto musical perdido no tempo.

Mas se teve algo que me fez questionar ainda mais a integridade artística (e até um pouquinho pessoal dela, apesar de não me dizer respeito) de Winehouse foi a canção "Rehab". Amy começava a se destacar no mundo da música (Pop) por dois motivos bem comuns neste mundo: o estrelato e os escândalos (ambos com participação fundamental da mídia). O que eu via era uma mulher que estava envolvida demais com drogas e álcool (repito, nada que me diga respeito, pois a vida não é minha) e que, ainda por cima, lançava um hino auto-indulgente, sendo categórica em dizer que não quer ir para a reabilitação. Achei meio bobo da parte dela por entender que foi uma maneira de ser aproveitar dos seus problemas para se promover artisticamente. A minha ignorância me cegou (ou melhor, me ensurdeceu ) para o potencial e qualidade da canção. Eu, definitivamente, estava sendo muito injusto.


Back to Black ganhou 6 prêmios Grammy e lhe deu notoriedade. Mas, antes da explosão do álbum, resolvi afrouxar minha teimosia e lhe dar uma chance. Ignorei o segundo álbum para explorar sua origem, como ela começou. E o álbum Frank foi me ganhando progressivamente, cada vez mais.

Desde o clima mezzo urbano, mezzo Jazz de "Stronger Than Me", até o clima melancólico de "You Sent Me Flying" (que termina com a bonitinha e agradável "Cherry"). O álbum alternava entre momentos mais amenos ("I Heard Love Is Blind", "(There Is) No Greater Love") até as mais agressivas ("In My Bed, "What Is It About Men"). Enfim, a parede que separava meus ouvidos da voz de Amy havia sido desconstruída. Ela conseguiu me emocionar com "Take The Box". "Fuck Me Pumps" é uma grande obra que não canso de ouvir. Nunca o Jazz foi tão legal.

Uma vez que deixei que Amy entrasse na minha crosta musical, foi a vez de analisar sua introdução ao mainstream. Back to Black foi um projeto mais bem cuidado, bem produzido. Achei inferior ao álbum anterior por não ser tão intimista. Mas "You Know I'm No Good" e "Back to Black" me mostraram que, definitivamente, ela não era uma qualquer. Ela pegou um estilo e conseguiu lhe devolver a vida com classe e grande competência, sem pretensões. Não é possível fazer isso sem a música ecoando no fundo do coração. Ela conseguiu.


Sempre fui um amante de biografias e auto-biografias (muito mais do segundo), mas como Amy nunca escreveu uma - talvez por ser jovem demais para isso -, acabaram se encarregando de fazer isso. Foi aí que, passeando por uma livraria descobri uma biografia dela. Comecei a ler imediatamente. Não era lá algo muito abrangente, mas me fez entender um pouco a cabeça de Amy e conhecer Blake, seu dito grande amor. (Amy ostentava uma tatuagem do lado esquerdo do peito, um desenho de um bolso com o nome dele.)

O maior problema de Amy, para mim, eram aqueles problemas que ela tinha fora dos palcos que estavam começando a atrapalhá-la nos placos: apresentações medíocres ficavam mais famosas que sua notoriedade conquistada. Isso me fez desistir da Winehouse dos palcos. Aí me apeguei mais ainda com a Amy do estúdio - ansiando muito por seu próximo trabalho. Coisas como "Valerie", participação de Amy em um single de Mark Ronson, serviam como aperitivo para o prato principal: um novo álbum.

Eis que, após todo este tempo em que tive este tipo de relacionamento com Amy, recebo uma mensagem de minha namorada em meu celular, me avisando que Amy Winehouse estava morta. E eu senti uma estranha sensação, como se tivesse perdido uma grande e velha amiga...


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Podemos dizer que Amy viveu um pináculo da glória, experimentado por artistas mais experientes. Ela viveu em menos de uma década o que, guardadas as devidas proporções, Michael Jackson viveu: um início de carreira com relativo sucesso, o sucesso, as polêmicas e um fim prematuro. Também em comum as milhares de pessoas apontando seus dedos.

O dia 23 de Julho de 2011 está sendo quase tão marcante para mim quanto o 25 de Junho de 2009. Descanse com toda a paz que merece, Amy.

sábado, 14 de novembro de 2009

Prós/Contras Divas 3: Amy Winehouse

Níveis

1 - Obra-Prima
2 - Muito Bom
3 - Bom
4 - Aceitável
5 - Ruim
6 - Créeuu

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Eu poderia ser um completo idiota começando um artigo sobre Amy Winehouse falando sobre seu problema com drogas, escândalos e etc… Mas venho dizer que, na lógica mais simples e pura que NÃO É ISSO QUE WINEHOUSE ESTÁ VENDENDO! Se uma pessoa é trouxa o suficiente pra comprar um disco dela pelo que se lê nos jornais, azar, muito azar. Não se encontra por aí um dvd oficial da Winehouse escrito “Melhores Escândalos” ou coisa parecida.

Deixem as fofocas e coisas do tipo para desocupados como Leão Lobo - coisas tão importantes quanto a carreira de gente como ele.

O terceiro Prós/Contras é sobre esta artista britânica de voz forte chamada Amy Jade Winehouse!


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Stronger Than Me (Nível 3: Bom)


Este é o primeiro single de sua carreira. E como é de costume de toda a cantora underground, acabou ficando de fora do top 50 em seu país: #71UK. Se bem que isso só serve pra mostrar o quão os britânicos são um saco com os próprios conterrâneos. É uma música interessante de produção mais simples. Apesar da sensação de “barzinho com 10 mesas ma só 3 ocupadas”. A letra fala sobre um namorado ter de mostrar, ser mais forte que a companheira… O velho feminismo - que em partes tem bastante razão.

Take The Box (Nível 2: Muito Bom)


Uma canção mais voltada para o Jazz. Dá até pra imaginar uma versão desta canção interpretada pela Billie Holiday. A letra é confusa - e talvez seja um de seus méritos: a impressão é que personagem está depressiva, bêbada. Amy cita até o próprio cachorro na canção. O clipe mostra Amy tocando guitarra num salão escuro cheio de globos luminosos, dentre outras cenas. Conseguiu se sair melhor que o single anterior nas paradas: #57 UK. É uma das canções mais interessantes do álbum, junto a "Stronger Than Me", "You Send me Flying" e "Fuck Me Pumps". Dá pra notar uma tal carga de sentimento nela.

E também tem um remix muito bom dela. Vale a pena conferir: “Take The Box” (The Headquarters Mix).

In My Bed/You Sent Me Flying (Nível 3: Bom/2: Muito Bom)



Singles de duplo lado A são coisas curiosas… A impressão que se tem é que se uma das músicas acaba sendo ruim para o gosto público, ainda se tem uma segunda opção no mainstream. Isso infelizmente só deixa a coisa meio confusa, mas de qualquer forma…

"In My Bed" tem um clima meio confuso, no meio da desolação, urgência, raiva… tipo uma versão hard/avesso do clima da "Take The Box". Antônimo de singles. É mais ou menos como se Thelonious Monk entrasse em estúdio com o Kanye West ou o Jay-Z (parece bizarro né? mas até que tem sentido). Sobre a letra: "In My Bed" ("Em Minha Cama"), mais óbvio, impossível! Duas coisas que atraem a audiência ao extremo: amor/sexo e tragédia (se duvida, lembre-se: o filme Titanic arrecadou quase 2 bilhões de dólares). Um trabalho interessante, de força e movimento.

Contém samples da versão de “Apache” feita pelo obscuro porém interessante grupo Incredible Bongo Band, de 1973. A versão original foi escrita por Jerry Lordan e lançada pelo excelente The Shadows, de Marvin Hank, nos anos 60.

"You Sent Me Flying" é muito bem trabalhada e tem uma atuação vocal ótima de Winehouse. O tipo de coisa que o público deveria levar em consideração. Winehouse mostra o quanto sabe cantar em momentos simples como este. No início, o primeiro acorde tocado lembra "Rocket Man" do Elton John. Mas só o primeiro acorde. De longe um dos trabalhos mais significativos de Winehouse. Provavelmente sua melhor canção. Na sua versão do álbum, no final da faixa tem uma canção-surpresa (aquelas que o artista, por algum motivo, omite - os chamados "easter eggs") chamada “Cherry”, que deixa a impressão de que Amy visitou o Brasil. Mais necessariamente o Rio de Janeiro (alerta, alerta: bossa nova!!!).

Resumindo: ambas conseguiram um #60 UK. Merecia bem mais, claro, mas...

Fuck Me Pumps/Help Yourself (Nível 2: Muito Bom/5: Ruim)


Tudo o que foi dito sobre single de lado A duplo serve aqui.

"Fuck Me Pumps". Wow! Aparentemente é uma expressão que significa algum tipo de sapatos femininos (aparentemente de salto alto). A canção mais divertida e desinibida da Amy. Tanto a canção quanto o clipe. Onde ela sai pelas ruas cantando com um microfone, entrando em carros alheios, na frente de bares onde garotas vomitam… O clipe às vezes parece uma pegadinha do tipo “Borat”, pela naturalidade das cenas e proposital amadorismo das cenas. Um achado!

Mas ao chegarmos em "Help Yourself", a qualidade cai, e bastante. É aqui que Winehouse dá sua primeira grande derrapada. A música é tão ruim que deveria ser lado C (hauhauhauaa). Agora, falando sério, a música sequer foi incluída em sua versão norte-americana. Acho que os norte-americanos não se ligam muito em auto-ajuda ou em música arrastada.

Ambas conseguiram um #65 UK, injusto para "Fuck Me Pumps". Já para "Help Yourself"…

Rehab (Nível 5: Ruim)



Pode parecer algum tipo de aversão da minha parte com relação que é popular ou coisa do tipo. Mas uma faço questão de enfatizar: "Rehab" é tipo o que o João Gordo fez pro mundo punk, “traiu o movimento, véio” ~ Dado Dolabella. Ou seja: cadê o underground que encaixava tão bem na figura Winehouse?

Apesar do tema sobre drogas estar presente, - coisa que faz a canção ainda ter traços underground - a canção é pop demais. Virou uma espécie de Soul/Jazz de plástico (algo que se assemelha minimamente o rumo que Alicia Keys está tomando). A letra enfatizando a inanição de Winehouse com relação ao seu problemas com drogas não ajuda em nada. Os arranjos acabam sendo um pouco exagerados. Claro que existe coisa pior no mundo da música, mas Amy tem poder pra mais que isso.

E é lógico: 7# UK e #9 US…

You Know I’m No Good (Nível 3: Bom)


Esta canção mostra um pouco da linearidade jazz do álbum - ou seja, distante da parte pop "Rehab". Vamos dizer maldosamente que seria uma "salvação-pós-Rehab". É interessante notar que alguém conseguiu reacender alguma nesga de interesse no jazz no século 21. Amy deveria ganhar um tipo especial de Grammy por ter reanimado o estilo. Uma das melhores canções do álbum e da carreira da Winehouse.

No vídeo-clipe, Amy é uma espécie de criminosa sendo questionada por um investigador com fotos e etc. Bem produzido. Pena que não não podemos ver coisas toscas e divertidas nele como no vídeo-clipe da "Fuck Me Pumps" . Mas considerando a temática da letra, isso faz sentido… Alcançou #16 UK e #58 US.

Back to Black (Nível 3: Bom)


Clima denso, lembra um pouco um funeral. Ou pelo menos como eles devem ser na Inglaterra. Amy manteve firme a parte jazz do disco, principalmente no que se diz respeito a qualidade. Para quem cultua a tristeza, essa faixa é realmente admirável. Pra que não cultua, também. Mark Ronson é um produtor da faixa. Grande trabalho dele, um produtor que acredito que deva sofrer de algum tipo de “dupla personalidade musical”. Às vezes nem parece que foi ele quem produziu algumas faixas… No clipe, Amy enterra seu coração! Isso sim é que é sutileza…

Conseguiu um top 25 nos UK, apesar de merecer bem mais.

Tears Dry on Their Own (Nível 3: Bom)


Acredito que esta canção seja o melhor exemplo da fusão do jazz-Amy com o pop-Amy. Ou maior exemplar disto no álbum e talvez na carreira inteira dela. Pode-se dizer que pra combater o clima mais triste, denso que algumas faixas propuseram, "Tears..." foi feita. Na parte pop muito superior a "Rehab". A propósito, ambas têm vários elementos instrumentais em comum.

Atingiu #16 UK, melhor posição em seu país desde a própria "Rehab".

Love is a Losing Game (Nível 3: Bom)


É a designada faixa lenta do álbum, falando sobre o amor com melancolia. É o momento Soul do álbum. Uma das melhores do álbum. O mais profundo neste sentido, aliás. A canção foi escrita apenas por Amy, e possivelmente tem influencias de seu conturbado relacionamento com seu marido, Blake. O vocais são tristes e bem melancólicos. Existe por aí uma versão em que Amy canta com um instrumental mais ameno, mais minimalista - meio Bossa Nova.

Pegou um top 50 (#46UK).

Extra - Valerie (Nível 3: Bom)


Bem, este single não é da Amy, mas sim seu produtor, Mark Ronson, para seu álbum “Version” de 2007 - um trabalho onde ele faz covers de outros artistas com participações especiais. Mais especificamente, "Valerie" é uma cover da banda indie The Zutons (quem?). A canção parece um lado B de single ou outtake do "Back to Black" que deveria ter sido aproveitada. É divertida e legal, mais até que a versão original.