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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

AMR - Crystalline (Björk)

Análise: Primeiro single do álbum Biophilia, da cantora islandesa Björk. Lançado em Junho de 2011.



Björkistranha!

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Você aí acha que a Lady Gaga é a precursora de todo este, digamos, peculiar bizarrismo musical que temos rodando atualmente, com certeza nunca vi certos atos musicais em palco como David Bowie, Peter Gabriel (com o Genesis), Grace Jones e, é claro, a islandesa Björk. Todos eles têm seu grau de "estranheza". Para fazer rápidas citações aleatórias, a capa de Diamond Dogs do Bowie, Peter Gabriel em palco com sua fantasia de monstro (monstro-câncer?), a figura sempre surpreendente de Grace Jones e vídeo-clipes bizarros da Björk como "Pagan Poetry" e "Cocoon". Um vestido de carne não parece mais tão impactante? Sei lá...

A cantora Björk está na ativa desde meados dos anos 70. Seu mais famoso ato no mundo da música foi com a banda The Sugarcubes, que foi formado em 1986 e encerrou atividades em 1992. Daí para a frente, Björk montou sua carreira solo sobre uma linha mais alternativa. Aliás, ela pode ser considerada uma espécie de Midas (o tal rei que transformava em ouro tudo o que tocava), só que em vez de ouro, tudo o que ela toca torna-se incrivelmente alternativo...


Mas não é só o verso musical que é um imã para o singular na carreira dela. Em 1996, na cidade de Londres, um obsessivo fã chamado Ricardo López filmou a si mesmo fabricando uma carta-bomba de ácido destinada à cantora. No vídeo, López fala sobre sua obsessão, pensamentos sobre amor e outros, sua raiva contra o então namorada dela, o DJ Clifford Price (conhecido como Goldie), raspa a cabeça e se mata com um tiro na cabeça. A carta foi enviada para a cantora mas foi interceptada pela polícia. O fato abalou Björk, de maneira que ela deixou a Inglaterra e lançou um trabalho mais introspectivo e pessoal, o álbum Homogenic, gravado na Espanha.

Mas vamos ao que interessa...

"Crystalline" segue bem a linha do tipo de som que Björk costuma fazer. Nada que realmente surpreenda ou inove, mas é, digamos, mais do mesmo para quem curte este tipo de música. Aquele clima alternativo de sempre, os arranjos e colocações dos efeitos e instrumentos nada usual, os vocais característicos: encontra-se aqui tudo o que um fã da Björk precisa e está habituado.



Estranheza por estranheza, prefiro "Earth Intruders", canção do outro álbum que foi produzida juntamente com o modesto-mor do mundo da música, Timbaland. Não que eu ache que ele é realmente bom, mas de repente dele poderia ter dado mais uniformidade neste projeto. A coisa soa como música ambient (tipo um ambiente com pessoas de 3 olhos, que flutuam, etc...).

Usando a canção para análise, acho que dá para saber bem o que acontece com a criatividade hiperativa de quem passa muito tempo na Islândia - o pessoal do Berndsen é uma prova a mais que este lugar mexe com o criativo. Lady Gaga, teria você vivido por lá quando era a singela Stefani Germanotta? Eu consigo imaginar um iglu sendo dividido por todos eles: Björk, David Bowie, Grace Jones, Peter Gabriel e Lady Gaga, huaahuahuauhaha...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

AMR - Lover In The Dark (Berndsen)

Análise: Single do álbum Lover In The Dark, da banda Berndsen, da Islândia. Lançado em 2009.


Se acha que já viu tudo na vida, visite a Islândia!

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Islândia. Um lugar com pouco mais de 320 mil habitantes, com invernos bem rigorosos, produtora de tradicionais pratos, como a salsicha de fígado e a carne de tubarão estragada. E pra terminar, pátria de Björk e da banda de Rock Sigur Rós. É, realmente é um lugar diversificadamente estranho. Principalmente falando de música, onde temos a Björk (e sua antiga banda, o Sugarcubes) como expoente maior. Quem assiste os vídeos de "Pagan Poetry" e "Cocoon", por exemplo, devem imaginar que um islandês tenha um alienígena de 6 tentáculos no lugar de um cachorro no quintal...

Mas não estamos aqui para falar de país um tanto quanto obscuros nem da Björk. O negócio é uma nova banda saída deste lugar. O chamado Berndsen (não tenho certeza que Berndsen é o nome de uma banda, de um projeto ou simplesmente o nome do artista mesmo, David Berndsen) vem tentando obter seu espaço no mundo da música com sons realmente interessantes. E se as músicas soam diferentes e atraentes, nem falo nada sobre os vídeo-clipes - que fogem muito daquele negócio de "dançar em um fundo branco", preferindo algo criativo mesmo que não tenha sentido.


O Berndsen tenta ser um revival dos anos 80, com ênfase clara nos sintetizadores. Apesar de ser um tanto quanto Dance, não é aquele Dance que você vá querer dançar - e sim prestar atenção no que aquele cara tá fazendo. Aliás, o cara (David) realmente se parece um viking, daqueles saído diretamente de uma Reiquiavique do século XIV. Só falta seu estúdio de gravações ser em um navio e usar aquele "chapéu" com os chifres!

"Lover In The Dark" tem um clima meio vídeo-game (não só pelo som, mas até pelo vídeo-clipe, que mostra David como um herói que combate forças do mal e espalha amor pela Islândia). A voz de David soa triste como remete a música. Temos também toda a estrutura sintética em que está envolvida a música - mas não sintético de uma maneira negativa, é um sintético legal, dentro do padrão, sem encher o saco de tão falso ou artificial. Sobre a referencial aos anos 80, sentimos um forte "cheiro" de Pet Shop Boys - fora que a melodia do sintetizador no meio da música é muito parecida com parte da canção "You Can't Stop the Music" do grupo Village People.


A Islândia pode trazer coisas estranhas, mas o que é estranho é diferente, e o que é diferente foge ao marasmo da igualdade na qual nos encontramos. Hoje em dia, aqui no Brasil por exemplo, só ouvimos aquele papo de "você não me quis, agora eu vou pra balada" e outras "divagações cornísticas" com o mesmo fundo, o chamado Sertanejo Universitário.

Mas esqueçam. (Ainda) não vai ser isso que vai mudar alguma coisa na música. Enquanto isso, dá pra correr para alguma caverna na Islândia e ouvir algo mais criativo...

domingo, 27 de junho de 2010

AMR - Alejandro (Lady GaGa)

Terceiro single do The Fame Monster de Lady GaGa, "Alejandro" alcançou, até o momento, #8UK e #5US.


Gaga, um passarinho cagou (?) sua cabeça!

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"Alejandro" foi produzida pelo já recorrente RedOne e escrita por GaGa e o mesmo. A letra fala sobre o fato de GaGa estar dividida entre seus amantes Alejandro, Fernando e Roberto e como a relação deles com a interlocutora se tornou insustentável e, segundo a própria , tem a ver com o tal "Medo do monstro do sexo", um dos motivos do álbum. Haja fôlego pra manter o pique com 3 homens, hein?

A canção foi categorizada como mid-tempo e rendeu algumas comparações com canções de Madonna (em especial "La Isla Bonita", de 1987) e do grupo sueco Ace Of Base ("Don't Turn Around", 1993). A primeira pelo "tema" latino ser parecido e a segunda pela semelhança do início das canções - nada muito notável, de qualquer maneira. Outro fato curioso - e muito inusitado - é que foi usada na produção um trecho de violino de Csárdás de Vittorio Monti (1868-1922), um compositor italiano - viva o domínio público!


Como sempre, RedOne deixa tudo na medida certa. Parece até que são destinados a trabalhar juntos - sempre consegue complementar as canções de acordo com a capacidade vocal de GaGa, adaptando-se ao seu estilo. O que pode nos levar a pensar : quem veio primeiro, RedOne ou GaGa?

Apesar de ser facilmente identificável como uma canção vinda da cantora, a faixa difere dos singles anteriores da mesma. Mesmo contendo o santo Electropop nosso de cada dia, Alejandro carrega um ar solene que faz pensar que GaGa estava falando sério quando escolheu o nome The Fame Monster a esse projeto. Poderíamos até, a pretexto do tema da canção, chamar a faixa de "Balada Eletrônica", o que me lembra de "Hyper-Ballad" de Björk. Balada no sentido de estilo da composição, por favor!

Há, com certeza, algumas coisas que podem quebrar esse gelo, dependendo do senso de humor de cada um : não dá pra dizer que aqueles maneirismos vocais não-anglo-saxônicos (??) no começo e meio da canção deram muito certo, pois não inspiram um ar sofrido - mais pra uma dor do tipo "bati meu dedinho na quina da cama" - além da repetição insistente do nome "Alejandro" durante a canção (Lady Gagueira?).


No final das contas, Alejandro é só um desvio temporário do "clima" de hits como Poker Face, Bad Romance e Just Dance, apesar de BR falar sobre um amor-tragédia. E se pensarmos assim, GaGa que muda o tempo todo, não é uma particularidade deste trabalho. Mesmo com uma atmosfera nebulosa, quem mostrou-se fã ou simpatizante dos singles anteriores provavelmente irá gostar da canção citada. Não é um grande projeto, é do tipo que tem muito mais valor aos fãs verdadeiros da artista. Talvez, se pensarmos bem, seja o tipo de música que só ganha força com diversas audições. Pode não ter o mesmo nível de carisma que as anteriores, mas não deixa de ser bem melhor (tanto tecnicamente como no quesito diversão) que "OMG" de Usher e "Baby" de Justin Bieber, só para citar dois exemplos.

Como em toda canção Gaguística, a interpretação das letras é quase que um esforço inútil, mas pelo menos divertida. Cada um deve pensar em sua versão da história e saber que ela muito provavelmente estará diferente da versão oficial. A minha, por exemplo, é que Alejandro, Roberto e Fernando são, respectivamente, o jardineiro, o encanador e o eletricista da casa de GaGa, só que um descobriu sobre o outro e a Haus caiu, se é que vocês me entendem.

PS : Farei um post especial sobre o clipe!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

AMR - I Am Not A Robot (Marina And The Diamonds)

I Am Not A Robot é o primeiro single do EP The Crown Jewels da relativamente desconhecida artista Marina And The Diamonds.


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Vamos precisar de uma pequena introdução: Marina Lambrini Diamandis, cujo nome artístico é Marina And The Diamonds, é uma cantora/lirista/tecladista do País de Gales que se tornou um tanto quanto popular no MySpace e que conseguiu lançar alguns EPs com pequenas gravadoras. Seu novo álbum, The Family Jewels, será lançado em 22 de Fevereiro deste ano. Trivia: o "And The Diamonds" de seu nome não indica uma banda suporte, mas sim os seus fãs (ela já tem algum?) no MySpace - os quais ela chama de Diamonds, fazendo referência ao sobrenome (Diamandis = diamantes em grego)

Bem, eu ia falar sobre a canção Hollywood, single do primeiro álbum de fato da cantora, mas I Am Not A Robot mostrou ter muito mais corpo musical do que esta última.

A letra fala de deixar cair as máscaras, viver de verdade. Fazer com que quem fala possa abrir os sentimentos para o outro, admitir a humanidade inerente em todos nós :

You've been acting awful tough lately
Smoking a lot of cigarettes lately
But inside, you're just a little baby
It's okay to say you've got a weak spot
You don't always have to be on top
Better to be hated than love, love, loved for what you're not

Uma letra sagaz, sem exageros; eu não sei se é de autoria da própria cantora, já que a internet ainda não acordou bem para Marina, mas tomara que seja - precisamos de mais gente assim no mercado!

Vários aspectos da música produzida por Marina me lembram Björk : o modo inusual de utilização da (maleável) voz, os clipes um tanto quanto "alternativos" e criativos e uma beleza que não é padrão - Marinazinha tem cara de bolacha, pode falar (vai ficar mais claro quando vocês assistirem ao clipe, lá embaixo). Características que, pra mim, são garantia de interesse em qualquer situação. Mas talvez não para o mainstream : é bem visível a tag indie/alternativo dos trabalhos da cantora. Hollywood já levou a coisa um pouco mais para o pop, mas, ironicamente, não é tão cativante como a canção em questão - até pela produção, não tanto pelos vocais.

Aparentemente, a produção não conta com samples nem (muito) sintetizador - só piano, bateria, backing vocals, violino e mais alguma coisa em menor tom. Na verdade, na ponte ouvimos um pouco de auto-tune (o que pode ter a ver com a referência a robôs), mas só alguns segundos - Kanye West passou longe dessa, graças a Deus. É uma canção que podemos chamar de "felizinha", daquelas que você escuta para começar o dia bem. Mas não é só porque é minimalista que não preste à algum tipo de rádio....indie, pelo menos. Infelizmente, como esse trabalho já é de outro álbum, provavelmente vai ser ignorado para dar lugar aos singles do The Family Jewels.

O videoclipe merece atenção - é diferente e ousado, e, novamente, minimalista. Apesar de parecer mais uma coletânea de um brainstorm com muitas tintas e ventiladores, usando um pouco de imaginação, dá pra identificar a letra em algumas passagens. Pela parceria com a Suvinil, Marina parece estar "fazendo o que quer" e incentivando o homem do outro lado (ou mulher?) a fazer o mesmo - e aparecendo com o busto nu, supõe-se que ela queira se mostrar vulnerável.

Marina está chegando de fininho, e talvez não seja com esse álbum que a coisa pegue fogo - mas se alguém jogar algum fósforo em toda essa tinta, vai pegar logo logo.


PS : Pra quem quiser conhecer Hollywood (a versão acústica é melhor):