Lady GaGa voltou, só que dessa vez com o lado negro da fama – The Fame Monster. O álbum, apesar de ter todo um conceito próprio, é, ainda assim, um complemento teórico de seu antecessor The Fame (e daí vem a semelhança quase estúpida dos nomes) : o álbum de Poker Face e Just Dance tem como temas principais os supostos lados “benéficos” da fama, como o advento da fortuna, a vida nas festas e a própria celebridade, ilustradas de dentro pra fora pelas canções Money Honey, Just Dance, The Fame e Paparazzi, entre outras; a moda é tema de todas as canções, mesmo que em segundo plano. Já Fame Monster lida com o que GaGa chamou numa conferência de imprensa de “medo de monstros” : monstro do sexo, do álcool, da solidão, do amor e etc.
E junto com a mudança de tema, vem a mudança de aparência; é no mínimo insensato chamar sua moda de “linear”, mas enquanto promovia uma determinada linha de canções, com ideologias parecidas, ela mantinha um tipo de aparência. Pode-se constatar esse fato sutil colocando a fase Beautiful, Dirty, Rich/Just Dance (transição) em contraste com a Poker Face/LoveGame. E com o advento de um novo álbum, o contraste torna-se definitivamente claro. Lady deixa um pouco de lado vestimentas glamourosas e “escandaluxo” e começa a mostrar uma moda mais dark, gótica – ou no mínimo mais bizarra.
E junto com a mudança de tema, vem a mudança de aparência; é no mínimo insensato chamar sua moda de “linear”, mas enquanto promovia uma determinada linha de canções, com ideologias parecidas, ela mantinha um tipo de aparência. Pode-se constatar esse fato sutil colocando a fase Beautiful, Dirty, Rich/Just Dance (transição) em contraste com a Poker Face/LoveGame. E com o advento de um novo álbum, o contraste torna-se definitivamente claro. Lady deixa um pouco de lado vestimentas glamourosas e “escandaluxo” e começa a mostrar uma moda mais dark, gótica – ou no mínimo mais bizarra.
Beautiful, Dirty Rich : algo mais clubber, até mais recatado (GaGa usava calças nessa fase!)
Poker Face : upgrade mais glamouroso, chegando a ser meio Drag…
Poker Face e Alejandro : separados por um porre?
Bad Romance
Romance é o 1° single do álbum. A faixa já faz muito sucesso em todo o mundo, estando atualmente colocada na 2ª posição da Billboard Hot 100. É uma faixa de Dance Pop, uptempo por natureza, que em muito lembra Poker Face; seja pelo arranjo, seja pela estrutura da letra (refrão, brigdes, MoMoMoMa’s e GaGa Ohh La-La’s). Tende-se a achá-la repetitiva no início, mas ouvido-a por mais 3 vezes, torna-se o mais novo hit de GaGa. Segundo declarações da cantora e o próprio tema da canção, esta faixa seria relacionada ao “monstro do amor” e apresenta duas visões que, à primeira vista, deveriam ser tratadas em trabalhos diferentes : exploração dos prazeres de um “romance ruim” e o amor livre de barreiras por seu melhor amigo. Amor esse tão grande que quer explorar até os aspectos mais aterrorizantes e grotescos da vida do ser amado. É o que ela diz em versos como :
I want your ugly
I want your disease
I want your everything
As long as it’s free
I want your love
Love, love, love I want your love
I want your disease
I want your everything
As long as it’s free
I want your love
Love, love, love I want your love
Enquanto a letra parece retratar o lado romântico com mais atenção, o clipe tende a mostrar o lado efêmero de uma aventura amorosa; mas de qualquer maneira, em se tratando de GaGa, as possibilidades são muitas.
Alejandro
Alejandro ainda é aceitável para as pistas, quem sabe com um remix – mas já tem um foco mais melancólico. A partir daqui, as semelhanças com The Fame decrescem progressivamente (com grande excessão de Telephone). A canção parece tratar de um amante/namorado possivelmente ciumento, agressivo ou injusto – ou até mesmo os três juntos – e diante desse drama, a pessoa no outro extremo da relação tem que tomar uma decisão. Sua letra chega a tornar-se mais interessante que a melodia – talvez com um clipe interessante, venha a tornar-se single.
Monster
Talvez a canção mais simbólica do álbum, é uma das mais chocantes também. Parte do bridge :
We might’ve fucked not really sure, don’t quite recall
Bom, já que ela acha que transou com o rapaz mas não lembra, podemos supôr que esse seja o/um dos “monstro do álcool” ou do “sexo" mesmo. Uptempo novamente, reconhecemos no fundo o auto-tune de Space Cowboy, um DJ que acompanhou GaGa em sua Fame Ball Tour, que volta como produtor dessa faixa e de Dance In The Dark. Monster encontra-se na situação da canção anterior; o ponto forte do trabalho é a letra e não a melodia. Essa faixa parece tratar de uma atração irresistível por um Bad Boy, do qual GaGa tenta resgatar alguma lembrança. Tive que dar uma editada nessa canção, pois a cantora falou do que se trata a letra : um homem com um pênis anormalmente grande. Pois é, e eu sendo toda romântica aqui! Então já sabemos o que ela quer dizer com estes versos :
That boy is a monster
M-M-M-MonsterSpeechless
A canção é uma “exceção” no contexto do álbum; o arranjo é baseado no piano e uma guitarrinha básica – o que já destoa incrivelmente do ritmo frenético das faixas anteriores. Podemos até dizer que a música vem de Stefani Germanotta – pois trata de seu pai. Destacando sua criação como um dos momentos mais importantes de sua carreira, Speechless fala de uma suposta abdicação de seu pai perante a vida, o que teria deixado GaGa – ou melhor, Stefani – sem palavras. A cantora alegou que, em certo ponto de sua doença do coração, o pai decidiu viver "ao Deus dará". Em certo ponto da música, a cantora questiona se sua desistência o salvaria de seu estado crítico. O contexto da faixa e seu arranjo mais intimista tornam este um dos momentos mais iluminados do álbum – momento no qual possamos talvez identificar o “monstro da solidão” ou mesmo do “amor” – afinal, amor entre familiares é (quase sempre) essencial e natural.
Dance In The Dark
O Dance Pop volta com tudo nessa faixa, que nos lembra aquelas musiquinhas de máquinas de Pump, à la Cascade – a diferença é que a canção não chega a ser tosca. Não a vejo com um potencial a single tão grande assim, mas quem sabe. Gaga declarou que a canção é sobre a insegurança de garotas na cama - que a própria cantora tem, segundo a mesma. Aí a "dança no escuro", onde ninguém as vê - sem luz, elas podem liberar toda sua libido sem serem julgadas. Obviamente é um "monstro do sexo" e muito provavelmente um "da solidão" também.
Telephone
Agora sim : se pudesse apostar em alguma música desse CD depois de Bad Romance, com certeza seria Telephone. E pelo que parece, os casting do álbum também; a canção conta com colaboração de seis pessoas, entre produtores e cantores – incluindo Beyoncé. A faixa parece ser a versão GaGa da música Video Phone, à qual a cantora prestou serviços. Bem toscos, diga-se de passagem. A diferença entre elas é que a sua versão ficou 40 milhões de vezes melhor do que a de Bey, apesar de a letra ficar no campo das boates mesmo – esta fala de alguma pessoa bem chata que insiste em ligar enquanto GaGa e sua trupe estão batendo cabelo loucamente numa pista de dança qualquer.
So Happy I Could Die
Novamente com Space Cowboy, So Happy I Could Die continua com o clima de buatshy e parece explorar novamente os "monstros do sexo" e "álcool" :
I love that lavender blonde
The way she moves
The way she walks
I touch myself can’t get enough
The way she moves
The way she walks
I touch myself can’t get enough
Parte do refrão :
Happy in the club with a bottle of red wine
Stars in our eyes ‘cuz we’re having a good time
Stars in our eyes ‘cuz we’re having a good time
Mesmo com todos os recursos empregados, a faixa tem um clima de êxtase misturado com melancolia, como se a cantora estivesse totalmente bêbada – portanto, “nas nuvens” (eu espero, pelo menos) – mas com a sensação de decadência de quem capota no meio da pista pela tontura (quem já não fez isso? haha). O "Good Time" de GaGa ainda inclui alegadas sessões de masturbation - espero que não no meio da boate.
Teeth
Parece que GaGa se encontrou com um Apache para compor o arranjo da música. Nessa faixa, o produtor deixa o botão “balada” do sintetizador descansar um pouco; mas de qualquer maneira, a canção é uptempo e é a mais divertida do álbum, no sentido inocente da palavra. Já a letra revela que a faixa é tudo menos pura :
Don’t be scared
I’ve done this before
Show me your teeth
Don’t want no money (want your money)
I’ve done this before
Show me your teeth
Don’t want no money (want your money)
That shit’s is ugly
Just want your sex (want your sex)
Just want your sex (want your sex)
Basicamente é sobre uma GaGa sedenta por, provavelmente, uma noite de sexo (jura?). Palavras como “amor” e “religião”, encontradas na letra, não devem ser interpretadas literalmente, dada a efemeridade aparente da situação. Não tem muita cara de single, pois é muito brincalhona – não leva muito o rótulo “vamos dançar” – mas quem sabe qual será seu destino…
Concluindo, as 8 faixas tendem a ir para um lado mais selvagem, cru, ignorante da “fama” (mais pra “vida” do que “fama”), mas não perdem em qualidade por isso. Novamente, a liberdade das letras e os aspectos visuais dos trabalhos de GaGa chamarão mais a atenção e trarão mais novidades do que os arranjos musicais em si. Talvez nos seja necessário mais tempo para a adaptação à nova fase – O lançamento de The Fame tem pouco mais de um ano e o estilo já está mudando! Mas, ao meu ver, um dos anos mais importantes para a música Pop e a Mainstream em geral. Um ano de transformações velozes, só para os que podem (e os que não podem, viram sub-artistas reciclados, como Jennifer Lopez mostrou ser em seu último single), que se concretiza como uma forma de arte atualizada – algo como o Pop 2.0.
Não se pode decidir hoje se o caráter dos acontecimentos é bom ou ruim - e também não é tão simples assim - mas se nos basearmos no fato que a evolução só vem com a mudança, possivelmente estamos indo longe com a Gaguíssima.
Não se pode decidir hoje se o caráter dos acontecimentos é bom ou ruim - e também não é tão simples assim - mas se nos basearmos no fato que a evolução só vem com a mudança, possivelmente estamos indo longe com a Gaguíssima.